Num dia, sou abrolho
Escondida entre lençóis
Húmidos de lágrimas e
Suores de revoltas negras e sujas
Noutro dia, volvo boneca enfeitada
Camuflando a aparência, o inchaço
Acreditando-me double face
E colando um sorriso que dura até de noite
Fico arrasada
E no dia outro sou já infanta
Pequena solitária
Patinha feia entre primos
Sempre mais em tudo do que eu
Até no ringue, rolando sobre os patins
Até na praia, enfrentando as ondas
Sempre derrotada
A pequena que não sabia cantar
E com quem não houve quem dançasse
Agora queria amar
Que isso fazia bem
Mas o corpo dói-lhe
Está inchado, atrapalha
Fico cansada
E derrotada
E arrasada