domingo, 23 de maio de 2010
Boneca de Trapos
Já só sinto dor
Pesam-me o corpo e a alma
Reduziram-me
A uma boneca de trapos
E obrigam-me, dia-a-dia
A viver um novo dia
Sem importar
Se eu o queria!
Eu nem pedi para nascer
Quanto mais para me doer!
sexta-feira, 21 de maio de 2010
Patchwork News
Na passada segunda-feira, lá me emprestei a dois artistas do 'trabalho com retalho' (patchwork), de seus nomes que não divulgo mas se iniciam por JR e JVM, respectivamente, cirurgião plástico e cirurgião oncoplástico.
Eram oito da noite e eu já não comia desde as nove e meia da manhã. Decidi, desta vez, que esta malta aplica em nós a técnica do jejum para que, na hora H, já só queiramos é que se apressem a levar-nos para a mesa dos retalhos - para acabar de vez com a indisposição provocada pela fome ou mesmo para não deixar avançar a loucura que, por essa altura, já nos vigia o cérebro (eu já só me ria, a imaginar que chegava ao bloco com uma vuvuzela escondida debaixo dos cobertores e soprava naquilo fazendo-me ouvir no edifício inteiro...).
As marcações para os cortes que haviam sido feitas de manhã pelo JR foram alteradas à última hora, momento em que os dois "costureiros" me ladearam, combinando os pormenores do corte e costura.
Pela porta da "box" do bloco, uma enfermeira vociferou: "Mas que pouca vergonha é esta?", ao que o JVM respondeu: "A gente apanha uma miúda gira deitada numa cama e com as maminhas de fora... é natural que queira ver!". E a enfermeira trouxe um biombo, refilando: "Lá por ela ser gira, não têm de a mostrar a toda a gente!"
E ficou combinado que da mama esquerda sairiam dois retalhos para a mama direita: um para formação da nova aréola e outro para preenchimento de uma depressão tipo ruga que enfeiava a direita. Boa! Não precisarem de me mexer na barriga foi uma mão cheia de pontos poupados!
E lá fui eu para a sala da costura, passaram-me para a "tábua de engomar" com braços, onde me senti em preparação para a crucificação, e encetaram comigo uma conversa sobre Viseu, enquanto me injectavam um sono contra o qual se torna impossível lutar.
Acordei uma hora e meia depois, no recobro do bloco, e pedi que fossem buscar o meu batom do cieiro. Depois, subi de elevador para o recobro do 4º andar e dormi intermitentemente (nos intervalos das entradas de medicação na veia, da rega do retalho-aréola com soro fisiológico e do xixi que só saía se ouvisse água a correr...)
Mas o trabalho não ficara completo: de manhã, fiquei a saber que não estava tatuada nem tinha mamilo. "Ah, isso agora são só pinturas e acabamentos para um dia destes" - rematou o JR. E eu fiquei um pouco desanimada, pois estava plenamente convencida de que o patchwork ficaria completo desta vez...
domingo, 16 de maio de 2010
sábado, 15 de maio de 2010
"Mais do que isto só Jesus Cristo..."
A "menina" do lado esquerdo representa a minha pessoa no dia de hoje; a do lado direito anuncia o meu estado mamário no final da próxima segunda-feira.
Episódios:
Chamar os bois pelos nomes,
Reconstrução Mamária
quarta-feira, 12 de maio de 2010
O Dia da Pré-Operação
Segunda-feira, 5:30h. Acordo ao som do pregão do vendedor da praia de Islantilla, imitado pelo meu filho do meio (sim, do meio, porque depois dele vieram os gémeos!): "E é o coca-cola, e é o fanta, e é o camaron, e é o mensagem!". Tomei banho antes de me deitar, quatro horas antes. É só fazer xixi, lavar a cara, comer, vestir e escrever um recado para os filhos - mais umas coisitas de mãe (parece sempre que não dissemos tudo!). A propósito, comecei assim o recado: "Bom dia, filhos! Como vêem, já cá não estamos - sinal de que confiamos em vocês...".
Saímos às 6h, para tentar garantir a chegada às 9h ao IPO que fica a 300 quilómetros (os outros dois estão mais próximos de nós, mas eu sou daquele...).
Cerca das 6:50h, ali pela Barragem da Aguieira, ligamos aos filhos: "Serviço de Despertar - ao terceiro sinal, serão seis horas, cinquenta minutos e zero segundos, pi, pi, pi. Hora de acordar!... Não se esqueçam de ligar quando chegarem à escola!"... Depois disso, já pelas 8:15h, deixo-me adormecer no lugar do morto, confiando que chegarei inteira para ser avaliada pelos profissionais de saúde.
Chegada ao IPO a tempo e horas. Novidade: pagamento do estacionamento no interior do recinto. Subimos ao quarto andar para obter a papelada para os exames pré-operatórios das mãos da assistente do cirurgião. Vou fazer: raio x de tórax, electrocardiograma e análises ao sangue. Hã? E mamografia, não? - interrogo-me, uma vez que vou ser operada às mamas e o último exame que me fizeram às ditas foi em Janeiro de 2009, para a intervenção de Abril desse ano.
Lá vou eu ter com a prima mais cedo do que esperava: "Será que me arranjas um encontro com o doutor, para já? É que ele não me mandou fazer mamografia e a oncologista também não. Queria ter a certeza de que não estão esquecidos"... Estavam!!!
"Claro, claro, vamos tratar disso, hoje não dá, mas ligamos-lhe assim que soubermos. Adiar a operação é que não dava jeito nenhum."
Ora bem, o que é que contemplaram para mim? Exames pré-operatórios genéricos. E a especificidade da intervenção não interessava? Interessava. E fui eu, a doente, que tive de alertar para o facto.
Claro que não fiquei muito agradada com o sucedido. Quem se esquece de me requisitar um exame essencial não poderá esquecer-se de me coser, por exemplo?!...
Enfim, nesta solidão de doente, lá vou abrindo cada vez mais os olhos e fazendo por mim...
Saímos às 6h, para tentar garantir a chegada às 9h ao IPO que fica a 300 quilómetros (os outros dois estão mais próximos de nós, mas eu sou daquele...).
Cerca das 6:50h, ali pela Barragem da Aguieira, ligamos aos filhos: "Serviço de Despertar - ao terceiro sinal, serão seis horas, cinquenta minutos e zero segundos, pi, pi, pi. Hora de acordar!... Não se esqueçam de ligar quando chegarem à escola!"... Depois disso, já pelas 8:15h, deixo-me adormecer no lugar do morto, confiando que chegarei inteira para ser avaliada pelos profissionais de saúde.
Chegada ao IPO a tempo e horas. Novidade: pagamento do estacionamento no interior do recinto. Subimos ao quarto andar para obter a papelada para os exames pré-operatórios das mãos da assistente do cirurgião. Vou fazer: raio x de tórax, electrocardiograma e análises ao sangue. Hã? E mamografia, não? - interrogo-me, uma vez que vou ser operada às mamas e o último exame que me fizeram às ditas foi em Janeiro de 2009, para a intervenção de Abril desse ano.
Lá vou eu ter com a prima mais cedo do que esperava: "Será que me arranjas um encontro com o doutor, para já? É que ele não me mandou fazer mamografia e a oncologista também não. Queria ter a certeza de que não estão esquecidos"... Estavam!!!
"Claro, claro, vamos tratar disso, hoje não dá, mas ligamos-lhe assim que soubermos. Adiar a operação é que não dava jeito nenhum."
Ora bem, o que é que contemplaram para mim? Exames pré-operatórios genéricos. E a especificidade da intervenção não interessava? Interessava. E fui eu, a doente, que tive de alertar para o facto.
Claro que não fiquei muito agradada com o sucedido. Quem se esquece de me requisitar um exame essencial não poderá esquecer-se de me coser, por exemplo?!...
Enfim, nesta solidão de doente, lá vou abrindo cada vez mais os olhos e fazendo por mim...
Episódios:
Alertas,
Exames Pré-operatórios,
Reconstrução Mamária
sexta-feira, 7 de maio de 2010
Banhos e Massagens de Relaxamento
Estes bebés estão a usufruir de um banho que simula o ambiente que conheceram no útero. E já depois de terem sido massajados por algum dos seus progenitores, que aprendem a fazê-lo por forma a saberem proporcionar relaxamento aos seus filhos.
Relaxamento é algo de que todos necessitamos, uns mais, outros menos, mais em determinadas ocasiões do que em outras, algo que alguns de nós conseguem atingir com relativa facilidade sozinhos, mas para o qual outros precisam de ajuda especializada. É algo em que vale a pena investir, tanto a nível económico como, especialmente, a nível do conhecimento de causa. E em todas as idades, sendo que o acumular de anos de vida faz, naturalmente, pesar tensão sobre nós e, portanto, quanto mais velhos somos, mais necessidade sentimos desta postura que nos oferece qualidade de vida.
Hoje fui à massagem de relaxamento. E vim de lá, enquanto conduzia, a sentir a cidade mais bonita, mais primaveril, mais brilhante.
Pena não haver baldes-tipo-útero do meu tamanho...
NOTA: Se não é vosso costume e andam tensos, experimentem abdicar da compra de algumas peças de vestuário e investir em relaxamento, sob que forma for, pois o vestuário não vos fará sentir nem parecer mais leves e bonitos e o relaxamento oferecer-vos-á essas maravilhas.
P.S. Tenho uma ideia: um mês depois da operação (por aí), convido o pessoal para vir cá a casa. Mando colocar umas tinas ao nosso tamanho no quintal e fazemos lá o Festival dos Úteros Maternos... LOL
É que o pessoal não pensa nisso, mas a verdade é que todos morremos de saudades dos ventres das nossas mães!
quarta-feira, 5 de maio de 2010
segunda-feira, 3 de maio de 2010
Fashion Targets
Cancro da Mama no Alvo da Moda
Na compra de uma destas t-shirts, numa loja Lanidor ou aqui, estaremos a ajudar a Laço na Prevenção e na Luta contra o Cancro da Mama.
NOTA: Se eu fosse rica, oferecia uma a cada "menina" que conheço. Como não sou, compro uma para mim, outra para a minha filha e divulgo a hipótese de vocês o fazerem também. Porque nunca se sabe se e/ou quando chega a nossa vez e se, nessa altura, já houver mais meios (de todos os tipos) para ajudar, tanto melhor.
Na compra de uma destas t-shirts, numa loja Lanidor ou aqui, estaremos a ajudar a Laço na Prevenção e na Luta contra o Cancro da Mama.
NOTA: Se eu fosse rica, oferecia uma a cada "menina" que conheço. Como não sou, compro uma para mim, outra para a minha filha e divulgo a hipótese de vocês o fazerem também. Porque nunca se sabe se e/ou quando chega a nossa vez e se, nessa altura, já houver mais meios (de todos os tipos) para ajudar, tanto melhor.
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