Segunda-feira, 5:30h. Acordo ao som do pregão do vendedor da praia de Islantilla, imitado pelo meu filho do meio (sim, do meio, porque depois dele vieram os gémeos!): "E é o coca-cola, e é o fanta, e é o camaron, e é o mensagem!". Tomei banho antes de me deitar, quatro horas antes. É só fazer xixi, lavar a cara, comer, vestir e escrever um recado para os filhos - mais umas coisitas de mãe (parece sempre que não dissemos tudo!). A propósito, comecei assim o recado: "Bom dia, filhos! Como vêem, já cá não estamos - sinal de que confiamos em vocês...".
Saímos às 6h, para tentar garantir a chegada às 9h ao IPO que fica a 300 quilómetros (os outros dois estão mais próximos de nós, mas eu sou daquele...).
Cerca das 6:50h, ali pela Barragem da Aguieira, ligamos aos filhos: "Serviço de Despertar - ao terceiro sinal, serão seis horas, cinquenta minutos e zero segundos, pi, pi, pi. Hora de acordar!... Não se esqueçam de ligar quando chegarem à escola!"... Depois disso, já pelas 8:15h, deixo-me adormecer no lugar do morto, confiando que chegarei inteira para ser avaliada pelos profissionais de saúde.
Chegada ao IPO a tempo e horas. Novidade: pagamento do estacionamento no interior do recinto. Subimos ao quarto andar para obter a papelada para os exames pré-operatórios das mãos da assistente do cirurgião. Vou fazer: raio x de tórax, electrocardiograma e análises ao sangue. Hã? E mamografia, não? - interrogo-me, uma vez que vou ser operada às mamas e o último exame que me fizeram às ditas foi em Janeiro de 2009, para a intervenção de Abril desse ano.
Lá vou eu ter com a prima mais cedo do que esperava: "Será que me arranjas um encontro com o doutor, para já? É que ele não me mandou fazer mamografia e a oncologista também não. Queria ter a certeza de que não estão esquecidos"... Estavam!!!
"Claro, claro, vamos tratar disso, hoje não dá, mas ligamos-lhe assim que soubermos. Adiar a operação é que não dava jeito nenhum."
Ora bem, o que é que contemplaram para mim? Exames pré-operatórios genéricos. E a especificidade da intervenção não interessava? Interessava. E fui eu, a doente, que tive de alertar para o facto.
Claro que não fiquei muito agradada com o sucedido. Quem se esquece de me requisitar um exame essencial não poderá esquecer-se de me coser, por exemplo?!...
Enfim, nesta solidão de doente, lá vou abrindo cada vez mais os olhos e fazendo por mim...
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1 comentário:
Olá Guida:
Tudo a correr bem para ti. E claro que os médicos não se vão esquecer de mais nada e voltarás cheia de genica e com muitas saudades dos pequerruchos.
Os 300 km vão parecer 600, mas chegar a casa vai ser óptimo.
Os meus kandandos e a minha admiração.
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