Dois anos e meio volvidos sobre a notícia do cancro, já muita água correu por baixo e por cima de pontes, e a vida, sendo a mesma, é outra, com fortes definições que não teriam acontecido se a doença não se tivesse instalado sorrateiramente, para, depois, ter de ser corrida, rapidamente, a estaladas e pontapés.
Costuma dizer-se que os amigos são para as ocasiões. É mesmo algo que ouço desde pequena e que até terei pronunciado algumas vezes, mas sem a consciência que agora tenho do significado profundo da expressão. É que são mesmo. O problema é saber o que são ocasiões!
Falar é infinitamente fácil. (Por isso se torna tão difícil para algumas pessoas!!!) Até prometer é fácil... Oferecer presença não. Atrapalha planos. Dar ouvidos exclusivos por tempo indeterminado e ao vivo não é para toda a gente. Há mais que fazer. (Claro que há, então uma mãe de quatro filhos, como eu, não havia de saber disso?!...)
Ai, pessoal, pessoal, movo-me entre uma multidão de gente conhecida carregada de irmãos (até cada um dos meus filhos tem três) e a mim levaram o único quando eu tinha 8 anos e trouxeram um cancro quando eu tinha 43.
Sabem que mais? Já tive tanta vontade de ir lá onde ele está chorar no ombrinho dele e falar, falar, contar, resmungar, refilar... e esperar que ele me enxugasse as lágrimas... Eu sonho que ele ia arranjar tempo para mim, de noite e de dia.
DESIRE PRABOWO WHO STILL HAS NOT REACHED
Há 5 anos
16 comentários:
Olá Guida
Mais uma vez como eu te compreendo,nunca tive irmãos,mas sinto muito a falta,principalmente na doença do meu pai,pensava muita vez que se tivesse um irmão tudo seria diferente,não pelo trabalho,mas pela falta que sentia de desabafar,quantas vezes ao percorrer os corredores dos hospitais sozinha á procura de medicos e soluções eu pensava nisso.
Na minha doença tenho contado sempre com todo o apoio do meu marido,agora está em casa tem disponibilidade para ir comigo a todo o lado,consultas,exames,tratamentos etc.
Amigos?
Pois é!
Todas passamos pelo mesmo,tudo corre bem enquanto podemos passear,ir beber um café,oferecer um jantar etc,a partir da altura que ficamos doentes surgem as tão famosas frases que já temos lido escritas aqui por algumas amigas.
Força Guida
Vamos contando com a ajuda das amigas/os aqui dos blogues,aqui eu sei e tu um dia também vais perceber que são uma ajuda maravilhosa neste percurso todo.
Bem Haja para todas/os
Beijinhos e uma boa semana.
Sei do que falas amiga...e como sei.................
Tenho uma única irmã que mora no Brasil...
Eu com duas filhas (sendo uma especial)cuidei de casa,marido filhos.......sozinha........ombro pra chorar ?alguns...mas confesso os ombros virtuais foram os melhores,porque sabiam exatamente o que eu estava sentindo....
Que pena que não moramos perto...assim podiamos de vez em quando tomar um cafézinho....
beijos amada.
Oi Guida
Depende dos manos. Eu tenho um e acho que só falei com ele uma vez sobre o assunto. São feitios.
Para mim é muito mais fácil e natural falar com amigos.
jokas
Adorei este texto! Adorei!!
Também fiquei sem o meu mano, tinha ele 27 anos eu eu 23. Fiquei filha única..sem ombro de mano!
TM
Belo, texto, Guida, gostei imenso.
As minhas quatro manas, cada uma à sua maneira, são fontes de alegria e formas de amar únicas. Adoro-as a todos e dou graças por tê-las. Já o cancro aos 42, dispensava-o bem, mas a vida é assim: tira e dá, põe e dispõe e nós cá estamos para vivê-la o melhor que pudermos. Iria sempre faltar.nos algumas coisa...
Beijinhos,
TeresaP
Meninas,
Vocês são um espantalhão! O que eu tenho aprendido convosco... Hoje já levo daqui conversa para a minha psiquiatra, que não me larga enquanto eu não lhe disser que acabei completamente com as relações virtuais, exactamente por serem virtuais...
Querida Cris, não podias ter explanado melhor a ideia: estes ombros virtuais são dos melhores porque sabem exactamente o que estamos a sentir. É isto que vou dizer à minha doutora e ainda não conseguia. Obrigada, miúda!
Naná e TM: Que eles nos fazem falta, mesmo que de maneiras diferentes a cada uma de nós, ai fazem, fazem, nem que fosse para uma discussãozita, nem que fosse uma vez por festa. É que seríamos partes de um mesmo todo...
Teresa:
Grande sortuda. Aproveita isso tudo bem aproveitado, mulher!
Gatapininha:
Mas brincas com ele, falas de outras coisas, desanuvias, sei lá... É ou não é?
Beijos
(de mana de fingimento - só hoje, vá lá!)
olá maninha querida....
então é caso pra dizer em bom Português do Brasil....nós somos mesmo pau pra toda obra...
beijo minha maninha..
doces sonhos
Faz muita falta um ombro onde se possa chorar, riri etc.
Eu tenho 4 irmãos, mas na verdade, não foi em nenhum deles que me encostei. Os meus irmãos são muito mais novos.
Quanto ao "problema" dos amigos virtuais, eu percebo. A minha psicologa e a minha psiquiatra, passavam o tempo a chatear-me. Mas depois as amigas deixaram de ser virtuais e passaram a ser reais. participámos em encontros e passaram a fazer parte da minha vida.
São as minhas melhores amigas, não gosto de passar sem elas. beijocas muito grandes e vai daqui um abracinho para poderes ter mais um ombro amigo.
Nem sempre é na família que se consegue apoio. Quando o meu pai foi para casa (isto já há quase 11 anos) eu e uma das minhas irmãs tirámos licença sem vencimento para estar junto dele (tínhamos uma senhora tipo enfermeira, mas não era a mesma coisa) e acompanhámos aqueles últimos 3 meses bem de perto, aproveitámos ao máximo a companhia do meu pai. Custa muito mas é muito importante estar acompanhado, falarmos, tocarmos...por isso ele veio para casa pois era a única forma de estarmos em família.
E depois foi a minha amiga Cláudia - não estive lá diariamente mas estive sempre que eu prórpia tinha forças, porque custa muito. Depois conheci e fiz amizade com muitas mulheres guerreiras e aprendo muito com elas. Amigos com A grande não são só para copos e jantares e para conversas de circunstância. Amigo é estar (mesmo que virtualmente), é ouvir é também dizer as verdades é mimar, quando for preciso.
Mas isso sabem todas como são os amigos.
Grande testamento que por aqui vai mas realmente são várias as amigas que têm falado nesta questão e acho que agora têm de olhar em frente. Eu estou por aqui, grudada, aparafusada (como a Natália falou em parafusos...), qual gosmice que não despega.
Bjs
Eu cá tb dispensava cá esta coisa do cancro aos 32 anos, especialmente numa altura em que estava era bem para ter um filhote! Mas pronto, se aparece temos de enfrentar, e eu acredito que tudo acontece por alguma razão, e se tenho de enfrentar isto pelo menos que seja com muita força para o bicho não se ficar a rir de ter aparecido na minha vida.
A minha mana teve linfoma à 2 anos com 27 anos e está curada. Mas temos maneiras muito diferentes de ver a vida. E essa maneira de ver a vida faz com que enfrentemos as situações e maneira diferente. Ela foi-se muito abaixo psicologicamente, especialmente com as mudanças no seu corpo. Eu já não sou assim.
É aquela coisa de termos o feitio ser completamente diferente. Assim, apesar de a minha irmã nao ser a minha confidente ou nada que se pareça, o facto é que é bom que ela exista. E, quando ela me trouxe uma t-shirt na semana passada tive usar na minha segunda sessão de quimio.
Os meus amigos revelaram-se mais do que eu estava à espera. É verdade que todos têm a sua vida mas sinto que têm dado o melhor que podem. É certo que na minha idade a maior parte ainda nao tem filhos mas tenho 2 gravidas neste momento e sao imparáveis. Uma delas até quer estar presente na minha proxima sessao de quimio e a outra até diz que dorme aqui em casa se for preciso só para tar comigo.
Portanto, creio que tenho os amigos certos na altura certa da minha vida e sei que se eles nao fazem mais é porque não podem.
Os amigos virtuais sao, na minha opinião, essenciais em tempos dificeis. Mais essenciais do que uma psicologa qualquer. Especialmente porque eles podem-se ligar a nós e compreender-nos quando outros, que não passaram pela mesma situaçáo que nós, não podem. Podem imaginar, mas não é a mesma coisa.
Mesmo antes de ter ficado doente sempre fiz amigos virtuais, a maior parte deles associado à leitura uma vez que é uma das minhas paixões, que depois deixaram de ser virtuais para serem reais e agora fazem parte do meu circulo de amizade.
O importante, importante, é sentirmos que estamos a ser amadas durante este processo e claro amarmo-nos a nós proprias. Já é aquela coisa "Se eu nao gostar de mim, quem gostará?". :)
Por acaso a minha médica nunca me falou numa psicologa! Deve ter sido porque ela na primeira consulta disse "A Claudia tem a cabecinha no lugar e vai tudo correr bem" - Por mim, desde que me dêem a minha dose de alprazolam (xanax) para manter o meu colon irritavel no lugar é tudo o que eu preciso. E claro, preciso tb das parvoíces do meu marido! :))))
Eu quando começo a escrever nunca mais páro, não é? Sou uma chata!
Eu cá tb dispensava cá esta coisa do cancro aos 32 anos. Mas pronto, se aparece temos de enfrentar, e eu acredito que tudo acontece por alguma razão, e se tenho de enfrentar isto pelo menos que seja com muita força para o bicho não se ficar a rir de ter aparecido na minha vida.
A minha mana teve linfoma à 2 anos com 27 anos e está curada. Mas temos maneiras muito diferentes de ver a vida. E essa maneira de ver a vida faz com que enfrentemos as situações de maneira diferente. Ela foi-se muito abaixo psicologicamente, especialmente com as mudanças no seu corpo. Eu já não sou assim.
Mas apesar de a minha irmã nao ser a minha confidente ou nada que se pareça, o facto é que é bom que ela exista. E, quando ela me trouxe uma t-shirt na semana passada tive usar na minha segunda sessão de quimio.
Os meus amigos revelaram-se mais do que eu estava à espera. É verdade que todos têm a sua vida mas sinto que têm dado o melhor que podem. É certo que na minha idade a maior parte ainda nao tem filhos, mas tenho 2 gravidas neste momento e sao imparáveis. Uma delas até quer estar presente na minha proxima sessao de quimio e a outra até diz que dorme aqui em casa se for preciso só para tar comigo.
Portanto, creio que tenho os amigos certos na altura certa da minha vida e sei que se eles nao fazem mais é porque não podem.
Os amigos virtuais sao, na minha opinião, essenciais em tempos dificeis. Mais essenciais do que uma psicologa. Eles podem-se ligar a nós e compreender-nos quando outros, que não passaram pela mesma situaçáo que nós, não podem. Podem imaginar, mas não é a mesma coisa.
O importante, importante, é sentirmos que estamos a ser amadas durante este processo e claro amarmo-nos a nós proprias. Já é aquela coisa "Se eu nao gostar de mim, quem gostará?". :)
Por acaso a minha médica nunca me falou numa psicologa! Deve ter sido porque ela na primeira consulta disse "A Claudia tem a cabecinha no lugar e vai tudo correr bem" - Por mim, desde que me dêem a minha dose de alprazolam (xanax) para manter o meu colon irritavel no lugar é tudo o que eu preciso. E claro, preciso tb das parvoíces do meu marido! :))))
Eu quando começo a escrever nunca mais páro, não é? Sou uma chata!
Olá Guida
Já vi que cada cabeça sua sentença.
No meu caso a minha psicóloga aconselha-me a ter o blogue e o meu oncologista também,dizem que me faz bem e eu própria noto isso,a minha psiquiatra é da mesma opinião e visita o meu blog,ela própria me pediu autorização para o fazer,como costumo dizer nem sei como é que ela depois de ler o que escrevo me reduziu a medicação.
A maioria de nos já não somos amigos virtuais,mas foi aqui que nos conhecemos,como a Gigi diz já fazemos parte da vida umas das outras.
Beijinhos amiga e um bom dia.
Guida,como a Cris,pode contar com mais uma maninha aqui...ihih,e,japonesinha...lolll.
beijins,querida!
Fica com Deus e com os anjinhos
Maninhas queridas, vocês são um verdadeiro espectáculo! É uma delícia arranjar umas manas mesmo a meio (com boa vontade, claro) da vida. Havemos de comemorar isso.
beijinhos
Olá Guida,
tens aqui mais um ombro, podes usar e abusar, sempre que precisares.
Beijinhos grandes
Que bom, Graça. Muito obrigada.
Tenho-me sentido mesmo acolhida por vocês. Mais vale tarde do que nunca. Bem hajam todas.
E beijinhos
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