Espaço de encontro de experiências de vários tipos de Cancros de Mama
Dedico e dirijo este blogue a todos aqueles que tiverem passado (ou estiverem a passar) por histórias de cancros, quer como protagonistas, quer no papel de acompanhantes na luta contra a doença, mas espero por cá encontrar qualquer contributo que qualquer um considere válido. A intenção principal é trocar experiências de forma direta e sincera, sem necessidade de qualquer apoio no escudo da força constante e do pensamento sempre positivo, que tantas vezes não estão presentes, mas parece haver uma imposição social para que assim seja... Sejam bem-vindos! E divulguem este blogue!
Olá Guida, Sou visita frequente no seu blog... ele tem-me acompanhado no meu percurso de tratamento a um cancro da mama. Estou a finalizar a administração do herceptin e deveria estar mais contente, mas isso não acontece. Tenho saudades da minha mama esquerda, sinto-me pouco feminina, insegura e com medo. Exteriormente passo a ideia de uma pessoa calma, aparentemente resignada com a situação e cheia de vontade de voltar a viver... mas a verdade é que não sei como vou conseguir fazê-lo. Desculpe o desabafo. Obrigado por toda a informação e apoio que me (nos) tem prestado. Conceição Duarte Comovi-me com o filme. Lindo.
Olá, Maria! Obrigada pelo seu comentário. Gosto de saber que este blogue é visitado e até consegue ser companhia para alguém, e fico sempre muito contente quando as pessoas se sentem por cá tão à vontade que até comentam. Venha sempre que tiver vontade, quer deixe comentário, quer não. Percebo a sua falta de contentamento, numa altura em que, pelo desenvolvimento da doença, sente que será de esperar que já tenha tudo ultrapassado. Percebo porque sei que o nosso problema não tem timings expectáveis. Cada cancro de mama é um cancro de mama diferente, exatamente como cada pessoa é um ser humano distinto de todos os outros, e, sendo o cancro um conjunto de várias maleitas que se sucedem umas às outras, a verdade é que, para muitas de nós, a dor (em sentido lato) de ele nos ter batido à porta está ainda muito longe de ter passado, por alturas do final dos tratamentos! Também me aconteceu a saudade e a falta de feminilidade. E, no meu caso, à saudade aliou-se a dor física, e isso trouxe também revolta, pois ela instalou-se para ficar e os médicos do IPO quiseram convencer-me de que eu sofria de um problema de stress que estava na base da sensação de dor. E a verdade é que a maioria das pessoas à minha volta (tirando, seguramente, os meus pais, o meu marido, e pouco mais) pareceu-me de acordo com os médicos... Como a reconstrução não ficou bem feita, tanto a nível do conforto físico como a nível estético, a minha feminilidade também foi afetada. A diferença de tamanho e formato entre as mamas foi-se intensificando ao longo do tempo, pois a prótese foi-se movendo e alterando, e foi-se notando por baixo das roupas, impedindo mesmo o uso de pequenos decotes. Perante a dor contínua, cheguei ao ponto de ter de procurar outros médicos e estou agora já perto de encontrar o descanso merecido, depois de 3 anos. No entretanto, não consegui evitar a depressão e os antidepressivos, mas já estou consideravelmente melhor, a caminho da normalidade. Espero que todos estes percalços não se passem consigo, mas se algo de estranho for detetado por si, não deixe de exigir dos médicos a solução do problema, pois a ela tem direito. Eu fui muito ingénua! Para combater a sensação de que já não somos quem já fomos, convém ocuparmo-nos e aceitarmos toda a ajuda e carinho que nos quiserem oferecer, não valorizando atitudes de quem não nos entenda, pois isso acontece e pode magoar muito. Pense sempre que a maior parte das pessoas, porque não consegue avaliar o nosso sofrimento, tem tendência a achar que já estamos boas e a comparar o nosso caso com o de outras mulheres que lhes parecem mais fortes do que nós. E entenda essa falha das pessoas como natural - para não sofrer. Até porque fortes é aquilo que todas nós somos mesmo, apesar de, antes da doença, talvez nem imaginarmos quanto. Quem mais me tem ajudado é o meu marido, a todos os níveis. Não sei se é o seu caso, mas, se for, aproveite e agradeça para si tudo aquilo que ele lhe oferecer, especialmente se a ajudar a acreditar que é linda na mesma e ainda há de ficar muito mais do que era antes. E isto é rigorosamente verdade: podemos até engordar um pouco e ficar diferentes durante algum tempo, mas a sensação de termos superado tantas dificuldades aparece, num belo dia, sem aviso, e consola que se farta! ;-), oferecendo-nos uma imagem muito gratificante quando nos vemos ao espelho. :) Pense positivo, Maria, pois todas nos tornamos mulheres mais sábias e mais lindas!
Olá, Guida. Que bom poder contar com o seu apoio. MUITO OBRIGADO, mesmo. A Guida é mulher linda e admirável e vai ficar ainda mais bonita e sobretudo com melhor bem estar físico. Eu vou continuar a visitar este cantinho e a sentir-me acompanhada e compreendida. Um abraço cheio de carinho. Conceição Duarte
Só quero do passado aquilo que pode ser-me útil AGORA. Só planeio o futuro próximo, tão próximo como o amanhã. Vivo o PRESENTE, portanto, que é o que tenho. E sou um ser banal - sem artes nem manhas, mas com uma grande dose de liberdade conquistada, por já ter pouco a perder...
A Laço é uma associação sem fins lucrativos, com o objectivo de ter um impacto significativo na prevenção, diagnóstico e tratamento do cancro da mama no nosso país. www.laco.pt
3 comentários:
Olá Guida,
Sou visita frequente no seu blog... ele tem-me acompanhado no meu percurso de tratamento a um cancro da mama.
Estou a finalizar a administração do herceptin e deveria estar mais contente, mas isso não acontece.
Tenho saudades da minha mama esquerda, sinto-me pouco feminina, insegura e com medo.
Exteriormente passo a ideia de uma pessoa calma, aparentemente resignada com a situação e cheia de vontade de voltar a viver... mas a verdade é que não sei como vou conseguir fazê-lo.
Desculpe o desabafo.
Obrigado por toda a informação e apoio que me (nos) tem prestado.
Conceição Duarte
Comovi-me com o filme. Lindo.
Olá, Maria!
Obrigada pelo seu comentário.
Gosto de saber que este blogue é visitado e até consegue ser companhia para alguém, e fico sempre muito contente quando as pessoas se sentem por cá tão à vontade que até comentam.
Venha sempre que tiver vontade, quer deixe comentário, quer não.
Percebo a sua falta de contentamento, numa altura em que, pelo desenvolvimento da doença, sente que será de esperar que já tenha tudo ultrapassado. Percebo porque sei que o nosso problema não tem timings expectáveis. Cada cancro de mama é um cancro de mama diferente, exatamente como cada pessoa é um ser humano distinto de todos os outros, e, sendo o cancro um conjunto de várias maleitas que se sucedem umas às outras, a verdade é que, para muitas de nós, a dor (em sentido lato) de ele nos ter batido à porta está ainda muito longe de ter passado, por alturas do final dos tratamentos!
Também me aconteceu a saudade e a falta de feminilidade. E, no meu caso, à saudade aliou-se a dor física, e isso trouxe também revolta, pois ela instalou-se para ficar e os médicos do IPO quiseram convencer-me de que eu sofria de um problema de stress que estava na base da sensação de dor. E a verdade é que a maioria das pessoas à minha volta (tirando, seguramente, os meus pais, o meu marido, e pouco mais) pareceu-me de acordo com os médicos...
Como a reconstrução não ficou bem feita, tanto a nível do conforto físico como a nível estético, a minha feminilidade também foi afetada. A diferença de tamanho e formato entre as mamas foi-se intensificando ao longo do tempo, pois a prótese foi-se movendo e alterando, e foi-se notando por baixo das roupas, impedindo mesmo o uso de pequenos decotes.
Perante a dor contínua, cheguei ao ponto de ter de procurar outros médicos e estou agora já perto de encontrar o descanso merecido, depois de 3 anos.
No entretanto, não consegui evitar a depressão e os antidepressivos, mas já estou consideravelmente melhor, a caminho da normalidade.
Espero que todos estes percalços não se passem consigo, mas se algo de estranho for detetado por si, não deixe de exigir dos médicos a solução do problema, pois a ela tem direito. Eu fui muito ingénua!
Para combater a sensação de que já não somos quem já fomos, convém ocuparmo-nos e aceitarmos toda a ajuda e carinho que nos quiserem oferecer, não valorizando atitudes de quem não nos entenda, pois isso acontece e pode magoar muito. Pense sempre que a maior parte das pessoas, porque não consegue avaliar o nosso sofrimento, tem tendência a achar que já estamos boas e a comparar o nosso caso com o de outras mulheres que lhes parecem mais fortes do que nós. E entenda essa falha das pessoas como natural - para não sofrer. Até porque fortes é aquilo que todas nós somos mesmo, apesar de, antes da doença, talvez nem imaginarmos quanto.
Quem mais me tem ajudado é o meu marido, a todos os níveis. Não sei se é o seu caso, mas, se for, aproveite e agradeça para si tudo aquilo que ele lhe oferecer, especialmente se a ajudar a acreditar que é linda na mesma e ainda há de ficar muito mais do que era antes.
E isto é rigorosamente verdade: podemos até engordar um pouco e ficar diferentes durante algum tempo, mas a sensação de termos superado tantas dificuldades aparece, num belo dia, sem aviso, e consola que se farta! ;-), oferecendo-nos uma imagem muito gratificante quando nos vemos ao espelho. :)
Pense positivo, Maria, pois todas nos tornamos mulheres mais sábias e mais lindas!
Um beijinho carinhoso
Olá, Guida.
Que bom poder contar com o seu apoio. MUITO OBRIGADO, mesmo.
A Guida é mulher linda e admirável e vai ficar ainda mais bonita e sobretudo com melhor bem estar físico.
Eu vou continuar a visitar este cantinho e a sentir-me acompanhada e compreendida.
Um abraço cheio de carinho.
Conceição Duarte
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