Dedico e dirijo este blogue a todos aqueles que tiverem passado (ou estiverem a passar) por histórias de cancros, quer como protagonistas, quer no papel de acompanhantes na luta contra a doença, mas espero por cá encontrar qualquer contributo que qualquer um considere válido.
A intenção principal é trocar experiências de forma direta e sincera, sem necessidade de qualquer apoio no escudo da força constante e do pensamento sempre positivo, que tantas vezes não estão presentes, mas parece haver uma imposição social para que assim seja...
Sejam bem-vindos! E divulguem este blogue!


Por aqui, discorre-se sobre:

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riscos marcantes

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NOTE BEM

No dia 11.1.11, este blogue passou a ser escrito à luz do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

A água lava tudo; leva tudo na frente!














Enquanto fiz quimioterapia, precisei de beber três litros de água por dia (A água lava tudo - disse-me o médico -, leva tudo na frente.)
Pessoa pouco dada a beber água, três litros pareceu-me uma meta impossível de atingir, até pelo número de vezes que isso me obrigaria a ir vertê-la!
No início, tinha duas garrafas de litro e meio, que, começando a beber logo ao acordar, teriam de ficar vazias ao deitar. Mas eu não dava mesmo conta do recado. Começou por me sobrar litro e meio e eu tinha passado o dia na casa de banho... Perguntei ao médico se litro e meio não chegava. (Nem pensar! O veneno tinha de ser diluído em água e empurrado para fora do organismo - depois de cumprida a sua função!)
Decidi então ir ao hipermercado com o específico propósito de desvendar os mistérios da secção das águas. 'Mistérios' para mim, claro, que sempre bebi água da torneira e pouca. Fiquei fascinada: ele há várias dezenas de marcas e um vasto número de tamanhos dos recipientes, bem como águas sem e com sabor. E quanto aos sabores, um sem-fim! Escolhi garrafas de meio litro e águas com sabores variados, e enchi o porta-bagagens.
Seis garrafas por dia passou a ser a conta que eu precisava de ingerir. Dispunha-as de manhã num tabuleiro, o qual, à ida para a cama, tinha de ficar vazio. Também não consegui o objectivo logo nos primeiros dias, mas, sendo algumas das águas mesmo bastante agradáveis, em duas vezes eu conseguia beber uma garrafa, o que começou a entusiasmar-me. Livrei-me do fantasma da garrafa de litro e meio. E cheguei mesmo a beber a conta que me era devida, sem, com isso, duplicar o número de idas ao WC...
Apenas os primeiros três ou quatro dias das três semanas de intervalo entre um ciclo e outro eram dias em que não tolerava os sabores na água, e a da torneira também não chamava por mim. De modo que investi em água do Luso, da Serra de Estrela e outras, para essas ocasiões.
Sem muita água, eu não teria, também, conseguido resolver uma das mais difíceis consequências da quimioterapia: a obstipação severa. Momentos de horror, mesmo!
Hoje, não bebo três litros, mas acho que chego ao litro e meio. Para a vida.

1 comentário:

Pedro disse...

Ainda bem que já não andas nessa vida de quimios. Mas não deixes a vida da água.

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