Dedico e dirijo este blogue a todos aqueles que tiverem passado (ou estiverem a passar) por histórias de cancros, quer como protagonistas, quer no papel de acompanhantes na luta contra a doença, mas espero por cá encontrar qualquer contributo que qualquer um considere válido.
A intenção principal é trocar experiências de forma direta e sincera, sem necessidade de qualquer apoio no escudo da força constante e do pensamento sempre positivo, que tantas vezes não estão presentes, mas parece haver uma imposição social para que assim seja...
Sejam bem-vindos! E divulguem este blogue!


Por aqui, discorre-se sobre:

... Acompanhamento Psicológico Ajudar quem Ajuda Alertas Alimentação Alopécia Antes e Depois Aquisições autoestima Brincadeira Cancro da Mama nos Homens Cansaço Chamar os bois pelos nomes Cirurgias Cirurgias de Amigas Codependência Coisificação nas Doenças Prolongadas Complicações Pós-operatórias Consultas Conviver Cumplicidade Dar / Receber a Notícia Desafios Desânimo Desejos Desespero Despedida Diagnóstico Dicas Dieta Distinções Efeitos Secundários de Medicação Emagrecer Encontros de Amigas Esclarecimento Esperança Estilo de Vida Estímulos Exteriores Exames Pré-operatórios Exemplos Famosos Com Cancro Feminilidade Filosofia de Vida Pós Doença Fisioterapia Fracassos Gang da Mama histerectomia Histórias de Luta Hormonoterapia Hospitalizações Humor Implicações Psicológicas Incongruências Informação Lingerie Correta Lingerie Pós-Operatória Medos Meios Complementares de Diagnóstico Meios de Diagnóstico Menopausa Depois do Cancro da Mama Modos de ser Mudanças na Vida Natal Nova Normalidade Novas Amizades Novidades O Cancro em Pormenores O Cancro Não é Só uma Doença; é um conjunto de doenças O Cancro Não é Só uma Doença; é um conjunto de doenças; efeitos secundários da medicação Ocupação em Tempo de Baixa Os cancros dos amigos e familiares Palavras Alheias a Propósito do Propósito Parabéns Partilhar a Doença Perdas Pós-cirurgia Pós-operatórios Prazer em encontrar quem nos entende Prazeres Prevenção Prevenção de Recidivas Processo de Recuperação Projetos de Sensibilização Quimioterapia Radioterapia Rastreio do Cancro da Mama Reações Alheias Reações Pessoais Reconstrução Mamária Regresso à normalidade Regresso ao Trabalho Sentimentos negativos Sexualidade Sinais Sintomas Solidão Tamoxifeno Terapias Toque Tram Flap Tratamentos Verdade Verdadinha Vitórias Vontade de ter poder sobre a doença

riscos marcantes

riscos marcantes

NOTE BEM

No dia 11.1.11, este blogue passou a ser escrito à luz do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Always Feeling Good



A nós, que aprendemos tanto com os nossos momentos menos bons, desejo um ano novo "always feeling good" - porque merecemos e porque, com jeitinho, sei que já conseguiremos atingir essa meta.

LU ALL

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Um Natal Diferente



lolololol

Agora, a sério:
Desejo-vos um Natal quentinho e doce, recheado de harmonia.

*****

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Num beco! Sem saída!

Viajem comigo no tempo, por favor
Levem-me de volta até mim
Não posso mais com esta pedra
No meu peito sem eu querer erguida

Porque é que ninguém me perguntou
Possibilitando-me o não ou o sim
Se queria uma dor para a vida ou
Se dava a vida para não ter dor

Venham comigo ao passado
Àquele tempo em que fui margarida
Inteira, una, livre, sem pedra
Quando inda o meu destino não fora decretado

E deixem por lá o meu corpo pousado
Num lugar em que eu colha guarida
Onde me deixem de novo ser flor
Leve e alegre, orgulhosa de mim
Onde inda não more aquilo que me mudou
E ninguém queira ao meu peito uma pedra

Não quero a dor e a vida
Porque não é vida esta constância de dor

sábado, 4 de dezembro de 2010

Feliz Aniversário, Cinda!

A nossa Cinda chegou a meio da caminhada.
Ó p'ra ela tão giraça, a caminho da festança!




Ia toda acelerada, com pressa de chegar aos três dígitos, mas teve mesmo de fazer uma pausa, porque a malta reuniu-se para lhe cantar os parabéns...
Eheh! Por esta não esperava ela. Achava que fazia a viagem toda de seguida, sem sequer uma pausa para KitKat, mas enganou-se, a chavaleca! ;-)

PARABÉNS, MIÚDA!

*_*

terça-feira, 30 de novembro de 2010

A Foto de Família da Cimeira do Gang



(Pena algumas já terem abalado!)

Hoje estou jururu! Porque moro muito longe de todas vocês e em dois almoços ainda não consegui satisfazer a vontade de estar sossegada e confortavelmente à conversa convosco. A empatia foi muito grande e, por isso, todo o tempo parece pouco, mas foi pouco, de facto. Terei, no entanto, de ser paciente e esperar pelas muitas vezes em que ainda vamos encontrar-nos, talvez noutras cidades do país ou, quem sabe se algum dia, fora dele...
Às vezes penso que todas nós adoecemos porque estava escrito no livro de cada uma que as nossas passagens por esta vida precisavam cruzar-se...

Beijos a todas

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Rosa Esperança Amanhã em Palco



Não percam!
No CC Caldas da Rainha, às 21:30h.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Distinção




O Mamas à Lupa foi hoje distinguido pela Acácia Rubra, autora do blogue Acácia Rubra , com o Prémio Dardos.

Passo a transcrever os fundamentos e as regras deste prémio, tal como os encontrei no blogue da Acácia.

«O Prêmio Dardos é o reconhecimento dos ideais que cada blogueiro emprega ao transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais, etc... que em suma, demonstram sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre suas letras, e suas palavras.

Esses selos foram criados com a intenção de promover a confraternização entre os blogueiros, uma forma de demonstrar o carinho e reconhecimento por um trabalho que agregue valor à Web.

Estas são as "regras" (não há penalização para os eventuais incumpridores...!):

- Exibir a imagem do Selo no Blog
- Exibir o link do blog [de] que[m] você recebeu a indicação
- Escolher 10, 15 ou 30 blogs para dar a indicação e avisá-los.»

A Acácia afirma que, "pela sua luta na informação, partilha de sentimentos e experiências, [este blogue] tem tido um papel preponderante na vida de muitas mulheres e famílias que convivem com tal doença".
Espero, sinceramente, que assim esteja a acontecer, embora, nos últimos tempos eu tenha andado mais virada para os blogues de algumas dessas mulheres, por me parecer que, neste momento, estão a precisar de mais mimo do que eu, e o mimo é para ser dado quando ele está a fazer falta.

Obrigada, Acácia Rubra. Um beijo

Como não consigo nomear dez blogues, pelo menos (como ditam as regras), escolho dois aos quais atribuo esta distinção: o Estrelinha Só, da Natália, pelo seu constante e incansável esforço para manter a malta animada, e o Super Glamorosas, pela mão especial da Isalenca, pelo seu carácter informativo no que respeita a tudo o que diga respeito à doeça, desde informação clínica a eventos, etc.
Este destaque não desprestigia nenhum dos blogues das meninas do grupo que tem estado em contacto (o qual foi baptizado com o nome Gang da Mama), pois todas têm contribuído decisivamente para a melhoria do bem-estar de todas, quer partilhando as suas experiências, quer mimando-se umas às outras.
Sinto-me muito feliz por ter conhecido esta gente boa e já me preocupo com todas e sinto por elas um carinho muito especial, como se o conhecimento fosse de longa data.
Ficam, portanto, aqui todas distinguidas também, pois já entraram no meu coração e eu sinto vontade de as cá aconchegar.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

No Próximo Sábado, nas Caldas da Rainha













Apareçam, pois, se não o fizerem, não vão perdoar-se nunca por terem perdido um espectáculo verdadeiramente fantástico de revelação de todos os pormenores da guerra que é a luta contra o cancro da mama. São as próprias guerreiras as "actrizes". Ninguém melhor do que elas para transmitir as dores do corpo e da alma, os momentos de esperança e de garra, os de fraquejamento e de medo...

Aqui fica um excerto de um vídeo que faz parte da peça. Para aguçar o apetite.



E um pouco do ensaio geral.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Centrada em Mim

Isto não pode continuar. A minha cabeça funciona a mil, a minha mama dói-me, eu fico de atestado com uma nova medicação, até me passar a revolta em relação ao mundo (especialmente o do trabalho, que parece não querer arranjar-me condições para eu me lá aguentar...) e só penso em mim, em mim...
Quero sair desta! Alguém tem ideias para eu pôr em prática aqui em Viseu, relacionadas, por exemplo, com a divulgação da importância da prevenção? Ou outra coisa que vos ocorra...

domingo, 31 de outubro de 2010

Noite de Nomeações, vulgo Bruxaria



Aqui se afixa o anúncio para a Grande Noite das Bruxas do Reino do Gang da Mama.
Vestidas com as vossas melhores peças, desenhadas e concebidas pelos melhores costureiros, estais todas convidadas a aparecer por cá, para que se eleja a Bruxa Mor do Gang, respeitante ao dia de hoje, a qual será presenteada com esta espécie de selo, que poderá levar para sua casa / blogue seu.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Um Laço Rosa à Volta do Mundo

Aderir aderi, mas não voltei a atinar com o caminho para o laçarote... Snif!

terça-feira, 26 de outubro de 2010

As Rosinhas, cheias de Esperança, na Praia



Para quem já conhece, nunca é de mais voltar a ver; a quem não conhece, sugiro que pensem que todas estas meninas já passaram por muitos maus bocados, mas estão cá, de pedra e cal, sem vontade de largar os seus pertences mais valiosos deste mundo: aqueles que lhes querem bem.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Ontem Fui a Rio Maior - como uma rosa, esperança


Fui ver as nossas meninas no palco, no Cine Teatro de Rio Maior. Levei o marido e os quatro rebentos.
Fomos ver o início de mais uma temporada de espectáculos do Projecto Rosa, Esperança. Foi um convite expresso da Cinda e acabou por ser, para mim, uma surpresa, ver também em palco a Nela e a Alda. (Como vêem, ainda sou caloira nisto)
Todos adorámos o espectáculo, forte, envolvente, cheio de tudo o que rodeia e integra a vivência pessoal e familiar do cancro da mama, desde a hora do susto em que se percebe que algo não está bem connosco, até ao momento em que se chega à certeza de que "o melhor ainda está para vir".
São muitas as ocasiões em que a lágrima não evita chegar-nos ao canto do olho e se atreve mesmo a rolar-nos pela face, de tão genuinamente vermos retratada uma história de medos e forças entrecruzados, sempre com um olhar de luz dirigido a uma meta de vitória sobre a adversidade, porque a adversidade não há-de ser mais forte do que a vontade de a vencer!
Considero este espectáculo muito importante para a sensibilização de qualquer cidadão no que concerne a muitos pormenores relativos a esta doença, tanto a nível médico, como a nível pessoal e emocional. Mas fiquei particularmente feliz por poder partilhá-lo com a minha família nuclear, que tem sido o meu suporte durante estes três anos, apesar de no início do processo os meus gémeos terem apenas 8 anos, o mano a seguir ter 10 e a mana mais velha ter 12 - gente que sempre esteve a par de tudo o que se passou comigo e que até me ajudou a ficar careca, numa sessão fotográfica numa tarde de sábado.
O país devia conhecer melhor estas rosinhas. Em minha opinião, o Projecto Rosa, Esperança é uma das formas de alertar para a prevenção do cancro da mama. Devia, portanto, ser ainda mais acarinhado, chamado às salas de espectáculo deste país e muito divulgado pela comunicação social. É que, apesar de estarmos no século XXI e de talvez sermos maioritariamente informados, a vida absorve-nos o tempo para o tratamento de outros assuntos e podemos esquecer-nos de nós.
Parece-me urgente ajudar as mulheres a lembrarem-se de si próprias, porque elas andam cansadas, muito preocupadas com os empregos, com os maridos, com os filhos, com os trabalhos domésticos... e até se esquecem de fazer a palpação, e até se esquecem de marcar para o ginecologista e de irem fazer as mamografias... E chega um dia...

Vivam, meninas!
Emocionámo-nos até às lágrimas (eu e o meu marido) e os miúdos pareceram ter interiorizado alguma coisa de que um dia talvez falem.

Continuem sempre, fantásticas amadoras da vida!

Um grande beijo para cada uma de vocês

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

O Gang da Mama Multiplicando Forças



Obrigada, Paula, pela foto.

Foi o meu primeiro encontro a todas as dimensões com estas minhas novas amigas, mulheres guerreiras, de coração grande e farto de amor para dar a todas, mesmo nos seus momentos mais baixos.
Vim para casa convencida de que tenho uma longa estrada a percorrer para lhes chegar aos... joelhos, digamos.
Adorei a boa disposição, a amizade, a franqueza da alegria dos reencontros, o mimo que me dedicaram, a brincadeira, os momentos de conversa mais a sério sobre como vão as coisas, a troca de prendas, as mensagens no livro dos registos das emoções...

A quem é que eu agradeço o facto de vocês terem aparecido na minha vida?
Que falta me fizeram durante quase três anos!

Agora... já cá estão no coração!

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Tenho estado no fundo dum poço, mas estarei convosco no sábado!

Desculpem esta minha ausência mesmo em cima do acontecimento. Afundei-me psicologicamente pela via profissional, e a minha dor disparou...
Mas...
Nem por nada faltarei ao encontro convosco, para o qual levo uma sacola enorme, com intenções de a trazer cheia das energias positivas e da alegria que vocês me vão transmitir. Porque vocês são do melhor que há. E se for de portar mal, eu alinho, eheh!

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Ao meu cunhado


"Hoje é o primeiro dia do resto da tua vida".
Foi isto que eu senti e marquei na agenda da minha vida a 23 de Janeiro de 2008.
O que mais te desejo é sorte, em todos os pormenores da luta contra o bicho mau. Mas sei que vais sair vencedor, pois é isso que tu és, que sempre foste e que continuarás a ser.
Este é um mês de luta contra o cancro. Não podias, portanto, estar mais acompanhado. E as minhas amigas guerreiras decerto vão também torcer por ti.

Um grande beijo meu, em especial (porque faço parte da tropa que anda na guerra)
E seis grandes beijos de Guipemaquimiti (a casa toda)

O NARCISO é o símbolo internacional da ESPERANÇA para todas as pessoas com Cancro.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Estou muito cansada da dor!!!

Veio o tempo fresco e a minha mama reconstruída à custa de uma puxadela do músculo grande peitoral para a frente da prótese, com uma boa camada de radioterapia em cima do próprio e da pele... desatou a queixar-se amargamente. Estou inconsolável. Eu sei que há milhões de pessoas pior do que eu, mas há alturas em que não consigo imaginar como é que vou viver para sempre como se tivesse vestido um sutiã meia-dúzia de números abaixo do meu e quando, já no máximo da aflição, vou para o tirar com vista a aliviar-me, caio redonda, porque não há nada para tirar! Tomo analgésicos fortes. É a minha única hipótese. Rebento com os rins e o fígado - ainda mais!
Desculpem o desabafo. Eu sei que não vos "ouço" queixar, mas a mim faz bem deixar sair esta amargura de tempos a tempos, caso contrário, começo a sentir vontade de desistir... A dor física dá cabo da cabeça de uma pessoa!
Estou extremamente cansada. A mama parece uma pedra. O braço pesa-me e dói do ombro até à mão, o stress causado pelos alunos, o frio e as emoções pioram tudo...
Ai, desaparecer, desaparecer!...

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

O Meu Blogue Musical Faz Hoje Dois Anos

No Dia Internacional da Música, apresento-vos o meu blogue musical, Os Mestres e as Criaturas Novas, que tem estado de férias há uns meses, mas talvez ainda seja uma caixinha de música apreciável.
Se for do vosso agrado, divirtam-se.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

domingo, 26 de setembro de 2010

Ele há o rir, mas há também o chorar
















Talvez andemos todos, desde pequenos, a viver ao sabor da ideia de que devemos sorrir sempre e chorar nunca, isto quando em público nos encontramos, pelo menos. E eu faço parte desse grupo de 'todos', naturalmente, mas, nos últimos tempos, tenho querido libertar-me de muitas prisões e essa é uma delas. Porque tanto rir como chorar são formas naturais de libertação de tensões e, se não forem reprimidas, ajudar-nos-ão a seguir o nosso caminho sem carregamento de pesos!
Eu sou, por natureza, muito risonha e muito chorona, dependendo obviamente das circunstâncias, mas lá me fui encaixando numa sociedade com regras, até para o riso e o choro. Só que agora, depois da doença, sinto-me a transformar-me numa rebelde e a desejar soltar de mim aquilo que me apetecer quando me apetecer, desde que não prejudique ninguém.
Comecei em casa. No início da doença, quando tinha vontade de chorar, fugia dos meus filhos, para que eles não se apercebessem de que algo de errado se passava comigo. Agora choro quando as lágrimas aparecem e explico-lhes o que estou a sentir. Eles gostam tanto de me ver rir e às vezes até também tenho de lhes explicar a razão do riso... Por que razão havia eu de lhes esconder as razões que me levam a uma outra expressão de sentimento?
A vida só é verdadeira se o for na totalidade. É pena é que precisemos de tantos anos e/ou de experiências tão duras para aprender isso e para passar a ter a coragem de, fora de casa, também nos expressarmos verdadeiramente, quer seja de rir, quer seja de...

sábado, 25 de setembro de 2010

Hot Flashes



Esta semana, registei na agenda os primeiros afrontamentos.
Claro que ainda não sei se eles significam o início de uma menopausa limpa e escorreita - porque ainda não fui ao médico, porque tomo um inibidor de estrogénios há dois anos e pode ser ele que anda a baralhar-me as hormonas, porque ainda só aconteceu três vezes, etc -, mas que senti umas sérias caloraças repentinas a subirem-me pelo corpinho e a instalarem-se por breves minutos, deixando uma sensação de suor frio no final, isso senti. E nunca tinha sentido! Novidades!!! Não bastavam as que já tenho aguentado...
E querem saber como me sinto? Não?!... Mas eu digo na mesma: meia atrapalhada, como se fossem as primeiras vezes da menstruação... no nosso tempo, claro, que agora as nossas meninas já nascem "normalizadas"!

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

O Desânimo

Meninas,

Não tenho comunicado convosco porque estou a fechar-me em mim. O regresso às aulas está difícil. Deram-me uma turma bastante insubordinada e, depois de tão grande ausência, se com as outras me estou a dar relativamente bem, com aquela estou a enlouquecer.
Precisei desabafar. Peço-vos desculpa.
Estou muito desanimada. Tenho dias de vontade de conduzir o carro em sentido contrário ao da escola e de não aparecer mais no local de trabalho. A sério. Mas como posso fazer isso, se tenho quatro crianças para criar?
Eu sei que vocês têm aí uma caixa com palavras de ânimo, não é?

Beijocas

domingo, 5 de setembro de 2010

Estou a pensar aparecer!


Se eu for, seremos mais meia-dúzia de rosadinhos e esperançosos, alguns deles ainda saltitões. (Vai ser difícil arranjar a indumentária, mas quando há boa vontade...)
Meninas, e se fossem dizendo que sim, que vão lá estar? Adorava conhecer-vos!

E algum amigo aí quer aparecer também?

INFORMAÇÕES

O II Encontro Rosa Esperança decorre no dia 19 de Setembro, pelas 10:00, nas nascentes do Alviela (Olhos d´Água) no concelho de Alcanena, distrito de Santarém.
A organização apela às pessoas que vistam branco e rosa e que se juntem à causa levando a família e os amigos, lê-se em comunicado de imprensa.
As possibilidades de cura de um cancro da mama são superiores a 90% desde que a detecção seja precoce e o tratamento eficiente.
Em Portugal, o rastreio só começou em 1990, na região Centro, estendendo-se depois para o Norte, enquanto que no Sul quase não avançou.
“É preciso continuar a chamar a atenção, sobretudo dos nossos políticos para que o rastreio e tratamento sejam uma prioridade em todos os cantos do país”, alerta a organização em comunicado.

Portal de Oncologia Português

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

O Regresso à Escola

Queridas Guerreiras (e não só!)

Do meu regresso à escola fez parte o estímulo que vocês me foram dando nos dias anteriores. Venho agradecer as vossas palavras cheias de genica, que tanta genica também me deram.
Começou tudo. As aulas ainda não. Mas os profes já se reviram, a mim já disseram que estou óptima (mais cheinha, mais cheinha...), já sabem os seus horários, já têm reuniões marcadas e já tiveram uma bela duma recepção em forma de lanche nos jardins da Casa da Ínsua. Chique a valer!
Adorei voltar a estar com os meus colegas. Por muito trabalho que vá ter com eles, eles são a minha malta de trabalho. E que falta me fez esta gente durante quase três anos. Foi uma espécie de tortura estar sem eles.
Só não gostei que tivessem referido a minha nova barriguita.
Pessoal: registem aí que isto no Natal já cá não mora. Odeio esta minha nova barriga!!!
De resto, viva o novo ano lectivo, o ano que marca o início da segunda parte da minha carreira de professora...

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Que saudades de pular!


Se eu me sentisse segura, se não temesse sentir a prótese aos saltos dentro de mim, hoje teria pulado ao sair da escola onde me fui apresentar para começar a trabalhar depois de amanhã.
Que saudades da normalidade dos dias, de me levantar de manhã com um objectivo determinado por uma obrigação que, no fundo, é aquilo que escolhi fazer para ganhar a vida...
E que bem que hoje fui recebida! Que descarga de mim é esta trovoada molhada do último dia de Agosto! Que alívio merecido (sem falsas modéstias)!...
Tudo me pareceu bem na escola que foi minha vizinha durante uma década e para onde eu nunca quis ir. Hoje senti uma lufada de ar fresco por estar a ser recebida por outras caras, outras vozes e outras paredes.
Sei que vai ser um ano bom. Três anos depois!

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Ter um cancro sem ter um mano

Dois anos e meio volvidos sobre a notícia do cancro, já muita água correu por baixo e por cima de pontes, e a vida, sendo a mesma, é outra, com fortes definições que não teriam acontecido se a doença não se tivesse instalado sorrateiramente, para, depois, ter de ser corrida, rapidamente, a estaladas e pontapés.
Costuma dizer-se que os amigos são para as ocasiões. É mesmo algo que ouço desde pequena e que até terei pronunciado algumas vezes, mas sem a consciência que agora tenho do significado profundo da expressão. É que são mesmo. O problema é saber o que são ocasiões!
Falar é infinitamente fácil. (Por isso se torna tão difícil para algumas pessoas!!!) Até prometer é fácil... Oferecer presença não. Atrapalha planos. Dar ouvidos exclusivos por tempo indeterminado e ao vivo não é para toda a gente. Há mais que fazer. (Claro que há, então uma mãe de quatro filhos, como eu, não havia de saber disso?!...)
Ai, pessoal, pessoal, movo-me entre uma multidão de gente conhecida carregada de irmãos (até cada um dos meus filhos tem três) e a mim levaram o único quando eu tinha 8 anos e trouxeram um cancro quando eu tinha 43.
Sabem que mais? Já tive tanta vontade de ir lá onde ele está chorar no ombrinho dele e falar, falar, contar, resmungar, refilar... e esperar que ele me enxugasse as lágrimas... Eu sonho que ele ia arranjar tempo para mim, de noite e de dia.

domingo, 22 de agosto de 2010

Mamas reconstruídas não aumentam nem diminuem!

Atenção: Antes da decisão da reconstrução, há muita coisa a ponderar, mas os médicos do mundo ainda não elaboraram o manual que nos poderia ajudar. São tantos os congressos a que vão, que já podiam ter pensado em compilar informação fundamental para quem precisa de tomar a decisão.

Eu já reduzi duas vezes a mama contralateral. A primeira vez fez parte do protocolo, pois a mastectomia ia resultar num desequilíbrio entre as duas mamas. E, tanto esteticamente como a nível do bem-estar físico, o resultado na contralateral foi cinco estrelas. E no ano seguinte, quando se partia para a cirurgia de construção de aréola na mama direita, a esquerda estava linda de morrer, mas muito maior do que a direita, porque eu havia engordado vários quilos, à conta do tamoxifeno e da medicação psiquiátrica. E foi um azar dos diabos ter de reduzir de novo uma mama que tão bem tinha respondido à intervenção e ao pós-operatório... Porque este ano tive problemas com os pontos e sinto picadas, comichões e dores, para além de ter perdido a beleza que tinha, pois os médicos desfizeram-na, para me arranjarem pele para a mama direita, e ela já está de novo maior, o que já estou a considerar grave. Mais valia terem-me vindo à barriga... (E agora doem-me as duas!)

Lembrem-se: Uma mama com uma prótese, se não tiver qualquer tecido mamário, será sempre do mesmo tamanho. A mama contralateral, se for natural, cresce ou diminui consoante nós engordamos ou emagrecemos. Ora, se há factores que não podemos de todo controlar quanto ao equilíbrio do nosso peso, como seja a medicação que inevitavelmente tomamos, temos, pelo menos, aqui uma questão a ter em consideração!

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Sete Carinhas Lindas e Vitoriosas

Grupo Rosa Esperança


Sete vencedoras do cancro da mama
Sete caras lindas após tantos sorrisos camuflando lágrimas...
Sete belezas "no alvo da moda". Que tal na campanha do próximo ano?!... Fica a sugestão. Não sei se a Lanidor e a Laço têm condições de negociar uma nova imagem para a campanha, mas por vezes uma nova imagem é por si só o sucesso de uma campanha...

Nota: Obrigada pela dica, Isalenca e restantes meninas.

Meia Dúzia de Carinhas Larocas


Acho muito bem que as carinhas larocas se mostrem pela causa nobre do cancro da mama, mas será que já pensaram em fazer anúncios com mulheres que o tenham vencido?! Talvez as carinhas não estejam tão larocas, nem os corpos tão elegantes, mas elas é que são as lutadoras, as que penaram para lá chegar, as que aceitaram as modificações do corpo e da alma para continuarem vivas! E nunca voltarão a ser (mesmo que algum dia o tenham sido) esbeltas como as que vêem dar a cara por...
quem?!...

(E quem é que se diverte na sessão fotográfica?: as meninas que bem dispostas já estavam!)

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Uma Camélia para a Cris, que hoje é uma pequenina grande


E o desejo profundo de que sejas sempre saudável e feliz.

Que sejam pelo menos mais 45, menina!

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Batalhas desta Guerra

Olá queridas guerreiras!

Estou sensibilizada pelas vossas manifestações relativas à minha ausência por estas bandas. Foram só férias familiares (embora com uma extensa família a que costumo chamar alargada, pois vai para lá dos primos dos primos dos primos e é um forró permanente, entre praia, piscina e saídas à noite - pois quanto a casas, cada família nuclear fica na sua.
Não levei sequer o PC, por indicação da psiquiatra. Senti-lhe a falta? Senti. A vossa falta? Especialmente. Mas sobrevivi, e era isso que era preciso provar. E está provado. No entanto, a minha alma ainda não conseguiu encher-se do prazer de ser, coisa que tão bem conheceu em tempos idos. Nem a minha amada praia conseguiu dar-me aquilo que nunca precisou de esforço para eu tomar como meu. Este ano, pela primeira vez na minha vida, nada me encheu as medidas - nem o mar calmo, nem a água tépida, nem a temperatura exterior convidativa. E passei alguns dias esticada... na cama, tentando que o calor húmido do sul da península me largasse perante a minha quietude...
Agora estou de novo em Viseu - clima seco, temperatura amena. Tenho feito máquinas de roupa enquanto a família arruma o resto. Dois dias mais serenos do que os quinze de turismo...
Concluí, minhas amigas, que a praia, o sol, o reboliço, a alegria em grupo, a festa... não constituem o ambiente para devolver ânimo e autoestima a quem isso perdeu. Eu deveria ter tido umas férias personalizadas..., realmente para carregar as baterias, para ir trabalhar...
Enfim, minhas queridas. Ainda bem que vos reencontro por aqui. Sonho encontrar-vos um dia ao vivo. Podem vocês vir ter comigo ou eu ir ter convosco.

Beijos a todas e bom fim de Verão

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Homens, façam a vossa palpação!


Homens que por aqui passam!
Não se esqueçam nunca de que o cancro da mama não é uma doença exclusiva das mulheres. Tem um grau de incidência muito menor nos homens, mas a verdade é que acontece e o factor hereditário é de ter em elevada consideração.
Marquem na vossa agenda uma data do mês para fazerem a vossa própria revisão manual e se notarem a mais pequena diferença de qualquer tipo, marquem consulta para o vosso médico habitual, IMEDIATAMENTE.

Mensagem de António Feio / Contraluz




Quero crescer depressa, para ser como ele foi...

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Viver de Pedra ao Peito





















Minhas queridas guerreiras

Quando eu tinha expansor (durante 15 meses), aguentava a dor por acção de um mecanismo psicológico que me animava, pois eu sentia-me em processo, em curso, até ao dia em que uma nova intervenção cirúrgica me trouxesse o alívio, ao efectuar-se a troca do balão carregado de soro fisiológico pela massa de silicone. Aguentava porque 'aguentar' aguentamos nós tudo, mas dormir de lado era mentira, emocionar-me era um tormento, sentir uma brisa fresca era o diabo..., porque sobre o expansor estava a pele e o músculo peitoral, ambos irradiados, sem qualquer intenção de se distenderem sequer o suficiente para que não me doesse na inspiração e expiração, quanto mais no espirro, quanto mais em qualquer esforço físico, quanto mais no amor...
Ninguém diz estas coisas! Mas a verdade é que é preciso dar a volta ao mundo muitas vezes para recuperar bens essenciais à sobrevivência!!!
E quando veio a nova cirurgia, não aconteceu alívio nenhum. Ficou tudo exactamente na mesma em termos de dor. Um dia destes passarei para este blogue alguns posts que tenho noutro sobre a hipnose que andei a fazer, para tentar livrar-me da pedra no meu peito. É exactamente como vivo. Com uma pedra ao peito. E quando chego a casa, não posso tirá-la e largá-la em cima da mesa pelo menos até ao dia seguinte.

Um dia, no Verão passado, num fim de tarde gostoso, à beira de uma piscina particular, dei umas braçadas de bruços, com a minha pedra (grande) ao peito. E logo de seguida, uma amiga que fizera uma tumorectomia disse: - Agora vou eu mostrar-vos como se nada. - E nadou, toda estilosa, e, para quem viu, o que ela tivera fora um cancro na mama (como eu, que fiz mastectomia e tenho o maldito objecto estranho a magoar-me porque não gostou dos raios) e um ano depois de mim... E eu senti-me inferior e triste, só mais tarde percebi que até fiquei com um pouco de raiva, mesmo sem nada dizer...
Vocês nunca tiveram dias de raiva, contida mas...? É que eu nunca tive ninguém que soubesse ouvir-me e agora apetece-me agarrar-me a vocês.
Desculpem-me. Eu sei que o discurso até está desconexo...

Há maneiras de me doer menos, há. Não posso ter uma vida de emoções e de stress (portanto não sei como é que vou viver...) e tenho de fazer ginástica diariamente até ao fim dos meus dias. Caso contrário, atrofia tudo e atrofio eu.

P.S. Já sei que vão achar-me uma queixinhas, mas com isso posso eu bem; andei mal foi com o silêncio de muita gente.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Meninas, hoje posso ser eu a deixar uma perguntinha?


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Vou atrever-me. Responde quem quiser, claro. Obrigada.


Alguma de vocês tem alguma dor física deixada pelo cancro da mama? Se sim, como é ela, onde, por que dói, como lidam com a dor...?

domingo, 25 de julho de 2010

Selo Prémio Dardos (Recebi da Natália)

















Este selo foi-me oferecido anteontem pela Natália, do blogue Estrelinha Só, e corresponde ao Prémio Dardos.

"O Prémio Dardos é um reconhecimento dos valores que cada blogueiro emprega ao transmitir valores culturais, éticos, literários, pessoais, etc... que, em suma, demonstram a sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre as suas letras e as suas palavras.

Estes selos foram criados com a intenção de promover a confraternização entre os blogueiros, uma forma de demonstrar o carinho e o reconhecimento por um trabalho que agregue valor à Web."

Eu passo-o com carinho às seguintes meninas, que ainda nem conheço muito bem:


Cristina

Gatapininha

Gracita

Alda

Isalenca


Vamos lá a tratar da mudança do mobiliário, vá.
Ah, e sejam felizes.

sábado, 24 de julho de 2010

Essências e Bálsamos




Eu queria que tratassem de mim durante uma semana com essências e bálsamos...



É que já estou cansada de ouvir dizer:

Tens de arrebitar
Tens de beber mais água
Tens de ir à hidroginástica
Tens de te mostrar alegre aos outros
Tens de fazer exercícios para o peitoral
Tens de fazer a caminhada da manhã e a da noite
Tens de fazer bicicleta de manhã e à tarde
Tens de inventar programas com os filhos
Tens de dar vazão à roupa da lavandaria
Tens de diversificar o teu dia
Tens de ler
Não podes estar sempre no computador
Tens de ver um bocadinho de televisão
Tens de ir à baixa ver as lojas
Tens de ir ao café com uma amiga
Tens de arrumar a tua secretária
Tens de te deitar cedo
Tens de te levantar cedo
Tens de comer mais fruta e legumes
Tens de marcar na agenda os teus planos diários
...

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Para Quem Procura Um Fato de Banho




AMOENA: (Cliquem em AMOENA) Fatos de banho com bolsas para próteses à direita, à esquerda, à direita e à esquerda, ou sem bolsas.
NOTA: É uma ajuda para quem não sabe aonde se há-de dirigir.
Pesquisem bem o site.

sábado, 17 de julho de 2010

Depressão Pós-Cancro


Tenho quarenta e seis anos e nada de tão mau me aconteceu na vida como a depressão pós-cancro. E no cancro tive a atenção, o cuidado e o mimo de muitos; na depressão, foi mais a intolerância...

Terapia de Grupo


Há muito que penso em integrar um grupo de mulheres que sintam necessidade de partilhar a sua experiência de cancro da mama, mas, apesar de lutar contra os pormenores desta doença há já dois anos e meio, a verdade é que não tenho com quem conversar!
Se esta mensagem tocar a sensibilidade de alguém, eu estou aqui! E poderemos começar.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Tenho andado afastada deste blogue

Não tenho aqui vindo, por me parecer que isto não diz nada a ninguém.

domingo, 27 de junho de 2010

Não!

Não se deprimam!
Não se deprimam, ok!?
Ouviram?
Não se deprimam!!!
Partam uma perna.
Partam as duas.
Fiquem paraplégicos!!!
Mas NÃO se deprimam!
NÃO!!!
Ninguém vos vai ajudar.
Porque NINGUÉM vos vai entender!
Não deixem que isso aconteça.
Venham cancros quantos forem...
Depressões não, não, não!
Por favor, não!

sábado, 26 de junho de 2010

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Claro que me têm tratado bem no IPO...

... Como se eu fosse um Lamborghini



...um Maserati



...ou um Ferrari


...

Rarissimamente como PESSOA que sou!

terça-feira, 15 de junho de 2010

E se...?


Pois! E se, em vez de me repuxarem a pele, para me inventarem um mamilo, só para dizer que há simetria no meu corpo, sendo que à custa da simetria há ainda mais dor daquela que é desnecessária, uma vez que eu não vou ser capa da Playboy nem coisa que o valha (se há algo que o valha!...), eu enveredar por uma tatuagem que marque em mim não a semelhança com o lado esquerdo mas a identificação com o meu nome? Que tal?
Indirectamente, esta foi uma sugestão que o doutor JVM, o cirurgião oncoplástico que me operou, me fez agarrar no ar ontem no IPO: "até pode tatuar uma flor, why not?"
Tatuar uma margarida a partir da aréola...
Podem opinar (apesar de não ser para vocês verem, hi, hi!)

terça-feira, 8 de junho de 2010

Quanto dura um pós-operatório?

Entrar para um bloco operatório com a finalidade de ser submetido a uma intervenção cirúrgica pode gerar as mais variadas reacções nos familiares e amigos do próprio. Há quem não arrede pé da porta do bloco (pais, filhos, tios, famílias inteiras...; há quem aguarde em casa de telefone e relógio debaixo de olho; há quem aguente sossegado que as notícias cheguem pelas vias normais...
Quanto aos doentes, há quem queira o seu mundo inteiro por ali, quem não queira por ali ninguém, quem faça uma ou poucas escolhas...
Entrar num bloco operatório para ser operado contempla sempre uma consulta de anestesia, um electrocardiograma e um raio x de tórax, mas não costuma contemplar, infelizmente, uma consulta de preferências pós-operatórias. Ninguém nos pergunta se queremos ou não visitas e quantas permitimos ao longo do horário a elas dedicado; como ninguém nos pergunta se queremos ou não a televisão ligada o dia inteiro; e nem interessa se esses factores nos fazem subir a tensão arterial, por exemplo.
O que vale (o que vale? não sei!) é que hoje em dia despacham-nos do hospital numa corrida e em dois dias parece aos "de fora" que está o pós-operatório feito. Na minha terceira vez desta história até com o bobi fui para casa (Rrrrr!). Depois, claro, tive de lá voltar daí a uns dias para me tirarem o dreno, que, porque já tinha criado aderência e porque mo tiraram comigo em pé, saiu aos puxões e fez-me ver as estrelas todas do sistema solar, pelo menos, e ficar dorida durante muitos meses.
Já agora, conto também as outras aventuras pós-operatórias. Da primeira vez, ao cabo de oito dias, o que parecia ser um seroma levou o médico a espetar-me uma agulha para me retirar o líquido remanescente, mas o resultado foi um furo no expansor, que até ao dia seguinte conseguiu verter boa quantidade do soro fisiológico que já lhe tinha sido injectado a cada três ou quatro dias. Resultado: operada de novo, ao nono dia do pós operatório (ainda nem comia com a mão direita...).
Na terceira operação, descobriu-se uma inflamação na mama no dia de tirar pensos e pontos, o que obtigou a mais duas caixas de antibiótico oral e duas bisnagas de antibiótico tópico, durante muitos dias... com (ar)dores, evidentemente.
É curioso o descanso de todos aqueles que ligam a saber se a operação correu bem, muitas vezes imediatamente a seguir a ela ter acontecido, e depois não voltam a "aparecer". O que seria a operação correr mal? Morrermos nela? É que, depois de quatro em dois anos e meio, já acho os pós-operatórios bem mais importantes do que as próprias operações. É neles que se sofre e que se sente solidão. Na operação estamos entregues a mãos competentes e estamos inconscientes.
No pós que ainda vivo tiraram-me os pontos tarde de mais e já não conseguiram puxar a linha intradérmica por baixo da mama esquerda. Puxaram tudo o que conseguiram (e eu voltei a ver estrelas), cortaram, e o resto ficou lá dentro. Passaram vinte e dois dias sobre a cirurgia e tenho hoje um empolamento em linha, exactamente na zona onde passa o sutiã, o qual não imagino como se resolverá sem uma anestesia, pois o fio que está lá dentro não é absorvível pelo organismo. E à volta do mamilo também ainda tenho pintinhas pretas que são restos de pontos e me picam... Vinte e dois dias passados e vivo ainda o pós-operatório de uma operação relativamente simplória, nos tempos que correm!
Agora... o que isto mói uma pessoa não vos passa pela cabeça! Dois anos e meio depois... dá lugar a revolta!

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Saudades

Tenho saudades
Da minha integridade
Da liberdade de movimentos
Da ausência de incómodo e dor
De não estar sempre cansada
Da alegria

Saudades que cheguei a pensar
Poderem tornar-se do futuro
Mas cuja imagem já se esgotou

domingo, 6 de junho de 2010

O Depósito Cheio

Tenho dois anos e meio de história da minha guerra. E neste "entretanto" a minha vida tem decorrido aparentemente de forma normal (exceptuando a falta da actividade profissional), mas convém vincar o sentido da palavra 'aparentemente'. Isto porque quem tem sentido o depósito a encher e, continuamente, a arranjar espaço para mais, sou eu e mais ninguém. Mas há momentos em que o depósito demora algum tempo a redimensionar-se, e, se por essa altura é necessário entrar algo mais, então não há hipótese de fugir à escolha: algo tem de sair para que, depois, algo possa entrar.
Neste momento, o depósito está cheio e eu tenho estado a despejar. Lamento não estar com capacidade para encorajar ninguém, mas eu estou cá e estarei, só que não escamoteio os momentos baixos, pois de cor de rosa esta história tem as boas intenções e algumas vitórias, não toda a extensão da sua dimensão...

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Hoje tirei os pontos!




















Até que enfim! Abrenúncio!
Estive 16 dias cosida com nylon preto e seda branca, amparada por steady strips (tiras cicatrizantes) e enfaixada em compressas e adesivos. Já devia ter-me livrado disto tudo há uma semana, mas a espera pelo médico recomendado deu nisto. Já não podia com calor, picadelas e comichões. E agora ainda me sinto toda picada ou como se tivesse apanhado um escaldão...
Não queiram. Não deixem. Quanto mais tempo estiver dentro ou agarrado a nós aquilo que é para sair, mais custa (a todos os níveis) o momento da separação!
Agora tenho dois pensos à prova de água, por mais uns dias. Vou então tomar o primeiro duche a valer, desde o dia 17 de Maio. Que saudades! E lá vou eu iniciar uma nova fase - a da adaptação do retalho-aréola à sua nova morada, até que a reconstrução possa prosseguir.
Reconstruir é trabalho muito delicado e moroso...

domingo, 23 de maio de 2010

Boneca de Trapos



Já só sinto dor
Pesam-me o corpo e a alma
Reduziram-me
A uma boneca de trapos
E obrigam-me, dia-a-dia
A viver um novo dia
Sem importar
Se eu o queria!

Eu nem pedi para nascer
Quanto mais para me doer!

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Patchwork News



Na passada segunda-feira, lá me emprestei a dois artistas do 'trabalho com retalho' (patchwork), de seus nomes que não divulgo mas se iniciam por JR e JVM, respectivamente, cirurgião plástico e cirurgião oncoplástico.
Eram oito da noite e eu já não comia desde as nove e meia da manhã. Decidi, desta vez, que esta malta aplica em nós a técnica do jejum para que, na hora H, já só queiramos é que se apressem a levar-nos para a mesa dos retalhos - para acabar de vez com a indisposição provocada pela fome ou mesmo para não deixar avançar a loucura que, por essa altura, já nos vigia o cérebro (eu já só me ria, a imaginar que chegava ao bloco com uma vuvuzela escondida debaixo dos cobertores e soprava naquilo fazendo-me ouvir no edifício inteiro...).
As marcações para os cortes que haviam sido feitas de manhã pelo JR foram alteradas à última hora, momento em que os dois "costureiros" me ladearam, combinando os pormenores do corte e costura.
Pela porta da "box" do bloco, uma enfermeira vociferou: "Mas que pouca vergonha é esta?", ao que o JVM respondeu: "A gente apanha uma miúda gira deitada numa cama e com as maminhas de fora... é natural que queira ver!". E a enfermeira trouxe um biombo, refilando: "Lá por ela ser gira, não têm de a mostrar a toda a gente!"
E ficou combinado que da mama esquerda sairiam dois retalhos para a mama direita: um para formação da nova aréola e outro para preenchimento de uma depressão tipo ruga que enfeiava a direita. Boa! Não precisarem de me mexer na barriga foi uma mão cheia de pontos poupados!
E lá fui eu para a sala da costura, passaram-me para a "tábua de engomar" com braços, onde me senti em preparação para a crucificação, e encetaram comigo uma conversa sobre Viseu, enquanto me injectavam um sono contra o qual se torna impossível lutar.
Acordei uma hora e meia depois, no recobro do bloco, e pedi que fossem buscar o meu batom do cieiro. Depois, subi de elevador para o recobro do 4º andar e dormi intermitentemente (nos intervalos das entradas de medicação na veia, da rega do retalho-aréola com soro fisiológico e do xixi que só saía se ouvisse água a correr...)
Mas o trabalho não ficara completo: de manhã, fiquei a saber que não estava tatuada nem tinha mamilo. "Ah, isso agora são só pinturas e acabamentos para um dia destes" - rematou o JR. E eu fiquei um pouco desanimada, pois estava plenamente convencida de que o patchwork ficaria completo desta vez...

domingo, 16 de maio de 2010

sábado, 15 de maio de 2010

"Mais do que isto só Jesus Cristo..."


A "menina" do lado esquerdo representa a minha pessoa no dia de hoje; a do lado direito anuncia o meu estado mamário no final da próxima segunda-feira.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

O Dia da Pré-Operação

Segunda-feira, 5:30h. Acordo ao som do pregão do vendedor da praia de Islantilla, imitado pelo meu filho do meio (sim, do meio, porque depois dele vieram os gémeos!): "E é o coca-cola, e é o fanta, e é o camaron, e é o mensagem!". Tomei banho antes de me deitar, quatro horas antes. É só fazer xixi, lavar a cara, comer, vestir e escrever um recado para os filhos - mais umas coisitas de mãe (parece sempre que não dissemos tudo!). A propósito, comecei assim o recado: "Bom dia, filhos! Como vêem, já cá não estamos - sinal de que confiamos em vocês...".
Saímos às 6h, para tentar garantir a chegada às 9h ao IPO que fica a 300 quilómetros (os outros dois estão mais próximos de nós, mas eu sou daquele...).
Cerca das 6:50h, ali pela Barragem da Aguieira, ligamos aos filhos: "Serviço de Despertar - ao terceiro sinal, serão seis horas, cinquenta minutos e zero segundos, pi, pi, pi. Hora de acordar!... Não se esqueçam de ligar quando chegarem à escola!"... Depois disso, já pelas 8:15h, deixo-me adormecer no lugar do morto, confiando que chegarei inteira para ser avaliada pelos profissionais de saúde.
Chegada ao IPO a tempo e horas. Novidade: pagamento do estacionamento no interior do recinto. Subimos ao quarto andar para obter a papelada para os exames pré-operatórios das mãos da assistente do cirurgião. Vou fazer: raio x de tórax, electrocardiograma e análises ao sangue. Hã? E mamografia, não? - interrogo-me, uma vez que vou ser operada às mamas e o último exame que me fizeram às ditas foi em Janeiro de 2009, para a intervenção de Abril desse ano.
Lá vou eu ter com a prima mais cedo do que esperava: "Será que me arranjas um encontro com o doutor, para já? É que ele não me mandou fazer mamografia e a oncologista também não. Queria ter a certeza de que não estão esquecidos"... Estavam!!!
"Claro, claro, vamos tratar disso, hoje não dá, mas ligamos-lhe assim que soubermos. Adiar a operação é que não dava jeito nenhum."
Ora bem, o que é que contemplaram para mim? Exames pré-operatórios genéricos. E a especificidade da intervenção não interessava? Interessava. E fui eu, a doente, que tive de alertar para o facto.
Claro que não fiquei muito agradada com o sucedido. Quem se esquece de me requisitar um exame essencial não poderá esquecer-se de me coser, por exemplo?!...
Enfim, nesta solidão de doente, lá vou abrindo cada vez mais os olhos e fazendo por mim...

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Banhos e Massagens de Relaxamento



Estes bebés estão a usufruir de um banho que simula o ambiente que conheceram no útero. E já depois de terem sido massajados por algum dos seus progenitores, que aprendem a fazê-lo por forma a saberem proporcionar relaxamento aos seus filhos.

Relaxamento é algo de que todos necessitamos, uns mais, outros menos, mais em determinadas ocasiões do que em outras, algo que alguns de nós conseguem atingir com relativa facilidade sozinhos, mas para o qual outros precisam de ajuda especializada. É algo em que vale a pena investir, tanto a nível económico como, especialmente, a nível do conhecimento de causa. E em todas as idades, sendo que o acumular de anos de vida faz, naturalmente, pesar tensão sobre nós e, portanto, quanto mais velhos somos, mais necessidade sentimos desta postura que nos oferece qualidade de vida.

Hoje fui à massagem de relaxamento. E vim de lá, enquanto conduzia, a sentir a cidade mais bonita, mais primaveril, mais brilhante.
Pena não haver baldes-tipo-útero do meu tamanho...

NOTA: Se não é vosso costume e andam tensos, experimentem abdicar da compra de algumas peças de vestuário e investir em relaxamento, sob que forma for, pois o vestuário não vos fará sentir nem parecer mais leves e bonitos e o relaxamento oferecer-vos-á essas maravilhas.

P.S. Tenho uma ideia: um mês depois da operação (por aí), convido o pessoal para vir cá a casa. Mando colocar umas tinas ao nosso tamanho no quintal e fazemos lá o Festival dos Úteros Maternos... LOL
É que o pessoal não pensa nisso, mas a verdade é que todos morremos de saudades dos ventres das nossas mães!

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Caminhando sobre flores murchas...













Apresento-me descalça.
Entrego-me.
Confio?
Sei lá se confio!
Mas lá estarei.
A meio
Não quero ficar...

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Fashion Targets

Cancro da Mama no Alvo da Moda




Na compra de uma destas t-shirts, numa loja Lanidor ou aqui, estaremos a ajudar a Laço na Prevenção e na Luta contra o Cancro da Mama.

NOTA: Se eu fosse rica, oferecia uma a cada "menina" que conheço. Como não sou, compro uma para mim, outra para a minha filha e divulgo a hipótese de vocês o fazerem também. Porque nunca se sabe se e/ou quando chega a nossa vez e se, nessa altura, já houver mais meios (de todos os tipos) para ajudar, tanto melhor.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Material de Sonho













(Pormenor de tela de Victor Costa)

À espera da terceira intervenção cirúrgica necessária ao processo de "tirar mama verdadeira; formar mama inventada" (sem contar com aquela operação de urgência por se ter derramado por baixo da pele o líquido do expansor - pois, com essa, são quatro), tenho sentido alguma ansiedade.
É que quatro cirurgias às mamas em dois anos, todas com anestesia geral e já com a experiência acumulada em cada uma delas... era preferível não!
A próxima é, como já por aqui fui anunciando, para inventar um mamilo, por repuxamento da pele, e para tatuar uma aréola. Isto na "mama inventada". Mas a mama natural e saudável (espero!) vai também novamente à faca - mais uma vez para acertar tamanhos e formatos, para equilibrar.
Por esta não esperava eu. Mas a verdade é que ando a tomar medicação que engorda... E, quando uma mulher engorda, as suas mamas ficam maiores. Ora, eu só tenho uma mama para crescer (é preciso não esquecer que na invenção que mora em mim do lado direito do peito há zero por cento de tecido mamário!), pelo que me encontro, neste momento, em desequilíbrio mamário bastante maior do que o natural (todos sabemos que de um lado de nós não há igualdade absoluta relativamente ao que temos do outro lado, mas as diferenças só são verdadeiramente conhecidas pelo próprio, o que não é o meu caso!). O meu desequilíbrio sofreu correcção logo na primeira operação, pois, ficando a direita mais pequena e subida, era inevitável o acerto. Agora fico a pensar no que será o resto da minha existência (na melhor das hipóteses, ou seja, não sendo vítima de nenhuma recidiva), quanto aos desequilíbrios, pois, não estando a questão de manter ou aumentar o peso inteiramente sob o meu controlo, às tantas já só saio equilibrada de casa se usar uma boa porção de algodão em rama do lado direito...
Ora bem, se durante o meu estado de vigília nem me tenho aborrecido muito com esta realidade, pois a dor continua a ser a minha principal arrelia, a verdade é que, enquanto durmo, já fui visitada, por três vezes, com a adesão a um tratamento diário, por via oral (uma simples cápsula engolida ao pequeno-almoço) que tem o milagroso efeito de fazer crescer um novo mamilo. E, à medida que ele vai surgindo, eu vou passando pelo espelho, saudando, maravilhada, o crescimento natural, em mim, de uma parte do meu corpo que me foi roubada, porque teve de ser, mas cuja falta eu ainda não consegui aceitar.
No meu novo sonho recorrente (que acontece num período em que espero que me chamem para a cirurgia, mas sem saber se é hoje ou daqui a vários meses...), eu já não preciso de voltar à faca; não vai mais ser necessário darem-me alta com drenos nem retirarem-me os drenos aos puxões, por já estarem "colados" aos tecidos; e eu não vou precisar, pela quarta vez, dos tradicionais seis meses de recuperação de uma cirurgia normal.
No meu sonho, eu sorrio ao espelho, percebendo que o meu novo mamilo vai, lenta mas eficazmente, restituindo integridade à minha mama agora escorrida...
No meu sonho, eu sinto-me feliz por a medicina ter chegado tão longe, em tempo útil para mim.
Mas, como aquilo sobre o qual escrevo é um sonho do sono, chega sempre a hora em que acordo e experimento uma sensação de revolta exactamente por ter sonhado o que sonhei. É como se alguém andasse a enganar-me, a brincar às escondidas comigo, iludindo-me com a possibilidade, para, logo a seguir, maquiavelicamente, me provar que eu não estou mais do que alucinada.

sábado, 24 de abril de 2010

Convém Não Esperar Sentado!



Como princípio básico, a esperança na cura deve estar sempre presente, mas, por si só, a esperança não alcança...
Há muito a investir, quer na prevenção do cancro, quer nos tratamentos, quer na prevenção de recidivas. E isso dá trabalho, muito trabalho! Mas compensa!!!

quarta-feira, 21 de abril de 2010

O Que é Bom é Para se Ver!

Por mais bem feita que fique a reconstrução que se segue a uma mastectomia, a nova "mama" nunca voltará a ser natural!
Eu, que nunca fui de grandes decotes, se antes de... soubesse o que sei hoje, tê-los-ia usado. Porque, nesta vida, o que é bom é para se ver!

("Já agora, vale a pena pensarem nisto." E no que vão vestir no próximo verão!)

terça-feira, 20 de abril de 2010

Hoje Fui à Psiquiatra

Uma das doenças do conjunto "aberto" do cancro é a depressão. Devem ser poucas as pessoas que passam incólumes ao lado desta danada, perfeitamente associada à doença-mãe. Eu cheguei a pensar que era uma dessas heroínas, mas, 20 meses depois de iniciado o processo, comecei a ficar triste e apática...
Outra das doenças que podem também acontecer a um indivíduo que vê a sua rotina diária radicalmente alterada durante muito tempo é ligar-se demasiado a determinada actividade, de tal forma que isso passe a constituir um vício...
Pois é! Tenho três meses para perder o vício - com o meu acordo, obviamente! Este de andar para aqui a pregar no deserto!!! Com o do batom do cieiro posso manter-me...

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Não, não me esqueço!...


...embora não tenha vindo a ser o sentimento predominante!

A Chuva, o Sol e os Sentimentos Depressivos



Hoje voltou a chover. E eu tive uma secreta sensação de conforto.
Com sol e temperatura amena, estou obrigada a exercícios, como caminhadas de solitários quilómetros, que me custam a iniciar como se me propusessem avançar decidida em direcção a um precipício.
Com chuva, vento, frio..., arranjo desculpa para me aninhar no sofá, para devorar blogues, para dormir a sesta ou até mais tarde, de manhã, para ler, para ver concertos... juntando a minha inactividade aos meus comprimidos, que, neste momento, fazem um belo trio para eu estar cada vez mais gorda.
Eu não queria, agora, Primavera nenhuma. Lá do fundo de mim, vem até uma monumental recusa (apesar de não poder escapar-me) relativamente a pernas e braços ao léu. Eu quero é que ainda se justifique ligar o aquecimento e até acender a lareira por muito tempo. Quero porque, lá no fundo de mim, só há vontade de fuga de um mundo que tem estado longe de mim e do qual eu sinto já cada vez mais dificuldade em me aproximar.
Estar deprimido combina com cinzentos e pretos, com chuvadas e ventanias, com frio e desconforto. Combina só para termos razão para nos quedarmos e embrulharmos.
Estar "no choco" é estar doente e, como tal, triste. E não se pense que se leva um ramo de flores cheirosas a um indivíduo verdadeiramente deprimido e se lhe pega num bracinho apenas coberto com uma manguinha curta, para com ele se dar um passeio no jardim florido, ao sol.
Alto lá, que passar do oito para o oitenta não é para casos sérios; é só para quem tem a elasticidade das mentes desanuviadas.
Que bom estar a chover lá fora e ninguém se lembrar, por isso, de me sugerir que eu vá dar uma volta (a base das minhas necessidades, para arrebitar...).
É assim!

terça-feira, 13 de abril de 2010

Don't give up the fight!

(Sugestão da Tulipa)



Gostei, Tulipa. Obrigada pelo ânimo.

I'm Down



Que vontade de desatinar!

(Mas uma mãe de família não desatina!!!)

sábado, 10 de abril de 2010

Os Dias da Raiva - III

As "meninas" com cancro da mama devem mostrar-se sempre muito valentes e ganhadoras. São todas umas heroínas. Eu também, o que é que pensam?! As pessoas olham para mim como se eu fosse especial. Mas eu nem corri. Nem dá, portanto, para ser 'especial de corrida'.
Que valentonas que nós somos! Aguentámos e aguentamos (e o acento gráfico faz a diferença!!!) aquilo que tivemos e que temos de aguentar e mais nada. Queriam o quê? Que nos deixássemos morrer, negando os tratamentos?! O que tem de ser tem muita força e toda a gente aguenta, sem ninguém ser herói ou heroína. É-se, apenas, sofredor à força (porque ninguém gosta de sofrer!), mas não se é diferente dos outros para melhor nem para pior.
Não gosto que me elogiem, nem que elogiem as outras, porque, em abono da verdade, lutámos e lutamos (e o acento gráfico faz a diferença!!!) só porque tem de ser!
Mostrar o desânimo, a raiva, o cansaço, as saudades dos dias em que o corpo era inteiro, livre, solto, leve... é mau porquê? Porque assim desanimamos os outros?! Ah! Que chatice, não é!? Pois eu aos outros digo a verdade de mim. E agora, apesar de ninguém ter culpa, eu estou com raiva.

Os Dias da Raiva - II

Eu disse à médica que, por eu já estar obrigada a 5 anos de um comprimido diário que engorda, desse lá as voltas que entendesse, mas não me receitasse mais nada que me fizesse engordar, caso contrário é que eu me sentiria abaixo do chão.
Pois é. A gente fala, mas eles é que decidem... E agora nada me serve. E claro que nem à rua me apetece sair, o que vem agravar a ironia da existência, pois, à conta disso, já marquei caminhadas diárias de 4 quilómetros... E as pessoas passam por mim.

É que eu detesto ser gorda. Odeio. Não sou eu esta bucha de 1,62m e 68 quilos!!! Oito quilos de doença, raios a partam!

Volto cá daqui a pouco tempo... Ai volto!

Os Dias da Raiva - I



"Já sabes que a Martina Navratilova tem o mesmo que tu?"

Hã? Fui ver!
À antiga tenista, hoje com 53 anos, foi diagnosticado, em Fevereiro passado, um 'carcinoma ductal in situ', o qual originou uma tumorectomia, ou seja, uma cirurgia em que lhe foi retirado O TUMOR, ficando o resto da mama natural intacta e sem material alheio ao tecido mamário. Não necessitou de quimioterapia e vai, em breve, sujeitar-se a 6 semanas de radioterapia.
Continua a praticar desporto, pois, restabelecida da intervenção, está numa fase normal, em termos físicos.

Se a Martina tem 'O MESMO' que eu... leiam por aqui, se quiserem!

terça-feira, 6 de abril de 2010

Ajuda para Quem Tem de Lidar com o Programa Novo

Sempre que se enfrenta, no PC, um programa novo, para além da exploração solitária, darão jeito algumas dicas de quem já o conhece e até de quem já lhe conhece os truques;
Sempre que se inicia o primeiro dia de trabalho num novo emprego, são necessárias instruções, que, com o passar do tempo, vão estando tão assimiladas, que até já há novos truques para lidar com as velhas situações;
Sempre que nos investimos de turistas e resolvemos visitar locais nunca pisados, munimo-nos de todas as informações que nos parecem necessárias para que não percamos nada do que é pertinente e gostoso conhecer;
Sempre que vamos a um convívio, perguntamos o que devemos nós levar, para contribuirmos para o bom ambiente e a satisfação de todos;
Sempre que saímos com amigos, aferimos os gostos de cada um, para chegarmos a um consenso sobre o que fazer...

Mas nem sempre que alguém adoece com cancro, o próprio é ajudado a lidar com o seu novo estatuto de doente oncológico, sendo que os seus entes mais directos ainda têm direito a menos - se é possível haver menos do que nada!

Isto é, portanto, um ALERTA, para que os novos doentes oncológicos reclamem ou procurem apoio psicológico entendido (de preferência, psicologia oncológica), para si e para os seus entes que mais directamente vão lidar consigo num momento novo, eventualmente desconhecido por todos os envolvidos.

É que, já agora, dava jeito o "mapa da cidade"!!!

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Mudar de Pele na Meia Idade

Por vezes, interrogo-me sobre o determinismo da doença relativamente às mudanças nas convicções de um ser humano. Ou seja, agora, que me sinto num processo de metamorfose, não sei se ele foi condicionado pelo facto de estar a lidar com um cancro, se haverá outra ou outras razões, desconhecidas por mim mas apuráveis, ou se eu mudaria da mesma forma se a minha vida tivesse continuado o seu rumo normal já de tantos anos.
A verdade é que ainda não adquiri o distanciamento temporal e relacional suficiente para conseguir analisar friamente esta questão, e, por isso, ela está a fazer-me sofrer, por saber que já não sou quem fui e por desconhecer para onde me encaminho.
Na minha mente de 46 anos, com tempo de vida suficiente para ter as escolhas importantes feitas, enfiou-se agora o mundo inteiro, a vida toda, e eu só ainda percebi que me agradam certas revelações recentes e me desagradam algumas aquisições antigas. Sinto-me uma cobra a mudar de pele... Num processo doloroso, que ainda não estou a entender bem e que ainda não consegui debater com ninguém.
Não me reconhecendo, não sei lidar comigo e vou afectando negativamente os que me rodeiam, sem que alguns se apercebam disso, sem que outros se importem muito com a questão, e sem que, ainda outros, se refiram a tal, apesar de eu perceber que o notam.
Nada a apontar ao comportamento da maioria? Essa é uma outra questão importante. A maioria que me conhece desde há muito não deveria abanar-me, interrogar-me, conversar, formular opinião sobre o que se passa comigo? É que a falta dessa "maioria" tem-me abalado substancialmente, ao ponto de já estarem em causa valores cujas raízes já me sustentariam uma vida muito longa...

sábado, 3 de abril de 2010

A Bola de Ginástica

(Um dos aparelhos muito úteis para a recuperação das mastectomizadas)





(A minha bola tem 75 cm e custou cerca de 8 euros)





Exercícios em movimento aqui.

Para além daquilo que se vê no vídeo, há ainda a considerar o deslocamento do corpo sobre a bola, para a frente e para trás, para a dessensibilização da mama, e o alongamento de todo o corpo, com a bola parada, para distensão da pele e do músculo grande peitoral.

Estes exercícios fazem-se tanto numa aula de ginástica, como numa sessão de fisioterapia num centro especializado, como em casa.

quarta-feira, 31 de março de 2010

Mulher

Homenagem a Todas as Mulheres









(Adorei o gesto e a subtileza, Mário! - pela parte que me toca e pela que se estende às minhas congéneres)

terça-feira, 30 de março de 2010

domingo, 28 de março de 2010

Dúvida

Não sei se me ausente
Se aqui me acrescente