sábado, 23 de janeiro de 2010
Dois Anos Depois...
Sei que não voltarei a ser a mesma que fui até há precisamente dois anos, mas acredito que a passagem por esta experiência esteja a ensinar-me muito do que aplicarei no meu quotidiano e nas minhas relações pessoais, para o resto da minha vida.
Hoje, como há dois anos, penso que não é de cancro da mama que eu morrerei, mas sinto que as marcas gravadas no corpo e na alma me alertam todos os dias para a necessidade de aligeirar o ritmo de trabalho e de me apoquentar apenas com questões efectivamente importantes, sendo que a importância do que nos acontece pode sempre ser relativizada...
Eu continuo em processo. Ainda não cheguei à fase da reconstrução do mamilo e da aréola, porque a pele e o peitoral, que sofreram radiação, ainda não estão suficientemente regenerados para que tal possa acontecer. A pele perdeu elasticidade e aconteceu um processo de fibrose que fez com que o implante se "colasse" ao músculo. O trabalho da fisioterapia tem sido o de "descolar" a pele, através de massagens, e o de alongar o músculo, através de ginástica.
Na hidroginástica, complemento este trabalho e lá vou caminhando, devagarinho, com esperança de melhores dias, dias sem uma dor que se define por um aperto, como se tivesse vestido um sutiã vários números inferiores ao meu e não o pudesse tirar nunca.
Dois anos depois, carrego ao peito "uma pedra" que me magoa fisicamente ao ponto de me ter obrigado a um acompanhamento psiquiátrico, mas já não carrego o bicho mau que se queria espalhar pelo meu corpo.
Dois anos depois, ainda não estou em condições de regressar ao meu ofício de professora, mas trabalho com afinco para a recuperação de uma condição física suficiente para tal.
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