Era dia 2 de Janeiro.
A primeira má cara que vira em frente de um exame às minhas mamas acontecera a 17 de Dezembro e a biópsia com uma agulha grossa, "de (cinco) disparos" fora feita dois dias depois. O Natal e o fim do ano decorreram com toda a normalidade, mas havia, no fundo de mim, um clima expectante.
As aulas iam começar no dia 3. E começaram. Para todos, menos para mim. Porque a 2 me telefonaram do hospital de Viseu, que o Dr. queria que eu lá fosse nesse instante (14:10h), para falar comigo.
Sentei-me em frente do Dr. às 15 horas, acompanhada pela minha prima enfermeira.
- Então, Dr., tem más notícias para mim?
- Sim, a mamita é toda para sair. Ainda vou falar com a minha colega, mas é para acertar o dia. Veja, tenho o mês cheio. Mas talvez possa operá-la a 23.
E foi a minha prima que perguntou:
- E no entretanto?
- Depois de falar com a minha colega, ligo-lhe, para marcarmos exames pré-operatórios. Nós temos cá tudo, só não temos radioterapia; se precisar de a fazer, terá de ser em Coimbra. Não podemos é fazer-lhe logo reconstrução. Só um ano e meio ou dois depois.
- Porquê, Dr.?
- O seu caso não o permite.
E não perguntei mais nada. Até agradeci! Como, educadamente, agradeceria qualquer outra coisa que fizessem por mim, agradeci ao Dr. CV a notícia de que eu tinha um cancro e ia ficar sem uma mama, sem uma mama inteirinha. E saí do hospital com a minha prima, escorrendo-me pela cara uma mísera lágrima que eu não quis que se multiplicasse, pois ia meter-me no meu carro e conduzir até casa, onde estavam os meus cinco mais-que-tudo a quem eu daria a notícia.
(Continua num post de 18 de Janeiro)
segunda-feira, 11 de janeiro de 2010
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