Depois da intervenção cirúrgica, os exames histológicos aos tecidos que nos retiram contribuem para as tomadas de decisão relativamente às terapias a aplicar, para tentar reduzir as hipóteses de recidivas. Todavia, a equipa médica tem também em conta outros factores, como sejam o estadio da doença, a condição física, a vontade e a idade da pessoa doente.
Relativamente à idade, senti, quando fui informada do protocolo a que me submeteria (se quisesse), que os meus anos de vida são já bastantes, tendo em conta alguns aspectos da vida, mas são ainda poucos, se os aspectos a ter em conta forem outros.
Eu era ainda nova, como doente oncológica. E, para além de nova, sem doenças associadas. Como tal, dona de um organismo ainda perfeitamente capaz de produzir novas células malignas prontas a multiplicarem-se. Estes factos reservaram-me um protocolo aparentemente demasiado duro, para quem ficou sem toda a zona afectada por tumores.
Teria de submeter-me a seis sessões de quimioterapia, com intervalos de três semanas, a vinte e cinco ou trinta sessões diárias de radioterapia (com intervalo aos fins de semana) e a cinco anos de hormonoterapia diária, esta última para inibir a produção de estrogénios, pois as células malignas são sensíveis ao seu efeito, para se multiplicarem.
A quimioterapia constitui um processo de envenenamento celular, dando cabo do que é mau e do que é bom; a radioterapia é um tratamento localizado, que resulta num processo semelhante ao de uma forte queimadura solar, com vermelhidão da zona irradiada e perda de elasticidade dos tecidos; a hormonoterapia, para quem ainda não chegou à sua altura, induz um processo de menopausa antecipada, a qual pode ou não tornar-se definitiva, após o fim do tratamento, dependendo das idades e das mulheres.
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