1. Os doentes são pessoas.
2. Quando adoecem, as pessoas não mudam a sua personalidade.
3. Os amigos de pessoas doentes devem procurar saber como estas preferem lidar com a doença.
4. A presença física ou virtual dos amigos deve corresponder mais ou menos ao que se passava antes da doença.
5. A doença em si deve ser designada de forma correcta e científica, sem eufemismos: por exemplo, se alguém é operado a uma mama, não se diga que tal aconteceu a um peito ou a um seio.
6. Há sempre quem esteja mais doente que o nosso amigo doente.
7. Não devemos silenciar os nossos sentimentos para com um amigo doente. Ele vai apreciar muito mais a nossa sinceridade do que palavras forçadas de incentivo.
8. Não devemos espalhar que o nosso amigo está doente sem sequer termos falado com ele.
9. Palavras ditas ou escritas a um doente podem fazer milagres...
10. Quem está doente não espera mais do que melhorar. Encaremos, portanto, a doença sempre como um estado transitório.
11. Visitar um amigo doente deve passar pela aprovação do próprio ou daquele(s) que dele cuidam.
12. O nosso amigo doente pode querer ou não falar connosco, independentemente de gostar ou não muito de nós.
13. Como no estado saudável, os doentes têm momentos de força e momentos de fraqueza, sem que isso signifique que são pessoas fracas.
14. Não devemos dizer a um doente que ele tem de ter pensamento positivo para melhorar mais depressa, porque isso nem sequer é verdade e pode ser contraproducente.
15. Há muito mais gente doente à nossa volta do que aquela que imaginamos.
16. Os próximos a estar doentes podemos ser nós.
17. Nunca devemos comparar a doença e as reacções do nosso amigo doente com as de outros que nos pareçam comparáveis. Diferentes na saúde, as pessoas são também muito diferentes na doença.
18. Pensemos sempre que há um mar de coisas sobre o estado do nosso amigo que podem ser quase inimagináveis, por mais que nós saibamos sobre o assunto e ele nos tenha contado.
19. O dia de um doente pode ser monótono e triste apesar do brilho intenso do sol. Devemos conseguir proporcionar-lhe momentos perfeitamente iguais aos da vida saudável.
20. Aprendamos com os nossos doentes a valorizar os momentos sem dor e sem mal estar, fazendo tudo o que estiver ao nosso alcance para os prolongar e multiplicar.
21. Os doentes adquirem sabedoria que devia ser partilhada.
22. Nenhum doente gosta de perceber que os outros sentem pena de si ou o tratam por ou com compaixão.
23. Estar doente acarreta muita solidão, por maior que seja o número de saudáveis empenhados em minorar essa realidade.
24. Estar doente é seguramente uma das maneiras mais difíceis de se estar na vida.
25. O pior da doença é a noção de dependência e de falta de liberdade.
26. A doença é o verdadeiro teste à amizade e ao amor.
27. A doença oncológica muda a mundividência do doente.
28. Estar internado num hospital oncológico é uma excelente via para atingir a humildade.
29. Acreditemos que por mais que privemos com doentes nunca saberemos tudo o que lhes vai no corpo e na alma.
30. Doentes são pessoas especiais: tristes pela privação da normalidade, mas em engrandecimento humano pela aceitação da experiência.
31. Não estar doente é motivo suficiente para todos os dias erguer um louvor, um agradecimento...
quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
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4 comentários:
Obrigado, Guida, por estes 31 Mandamentos!
Beijo
É só a minha visão da "coisa", Vítor, nada mais. Até gostava que aparecessem vozes argumentativamente discordantes...
Queria conversa!
:-)
Guida, continuo a dizer que gosto do que escreves. Posso colocar este ou alguns posts que vou encontrando no meu blog????
Claro que direi de onde os tirei ;o) obrigado e beijokas
Lina:
Claro. Somos umas para as outras.
Beijocas também para ti.
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